Ataque ao foie gras
Confesso minha ignorância. Pensei muito sobre as razões que levara a administração que não gosta da cidade a proibir o foie gras e não cheguei a uma resposta satisfatória.
Conversei com gente que entende do assunto, especialistas em culinária, vida animal, racismo, bullying e outras formas de preconceito, associação de moradores, ciclistas cansados, mas ninguém conseguiu me dar uma resposta satisfatória.
A melhor ou, provavelmente, a mais próxima da verdade veio no palpite de um motorista de ambulância acostumado com as vicissitudes da vida. Segundo ele, o que deve ter acontecido é que, em algum momento, alguém importante na administração municipal passou mal depois de comer um patê com data de validade vencida.
Como a corda estoura do lado mais fraco e todos sabem que uma intoxicação pode levar a situações delicadas, a melhor solução foi tirar o sofá da sala. No caso, proibir a comercialização e o consumo de foie gras na cidade de São Paulo.
O que causa espanto é uma administração democrática como a nossa, que preza as menos de 0,05% de viagens urbanas de bicicletas ao ponto de criar uma faixa especial para elas na Avenida Paulista, sem perceber que os imóveis da região vão ficando vazios porque as empresas não podem ficar à mercê de passeatas e ciclistas, não haver homenageado outras espécies junto com os gansos do foie gras.
Será que a morte por asfixia dos peixes tirados das redes e jogados no fundo das canoas não é uma morte cruel? Será que a vida dos porcos, confinados, sem poderem se mover minimamente, para engordar e serem mortos não é uma vida cruel? Por que só o foie gras e não a linguiça, ou a orelha de porco, ou o filé de corvina? Ou é vingança ou é preconceito.
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