As paineiras estão aí
Será que já é a época das paineiras florirem? Não sei, a lógica seria mais tarde, mas a verdade é que elas estão aí, floridas, balançando os galhos, convidando os sabiás para pousarem neles e misturarem a festa do canto com a festa das flores.
As paineiras da Ponte da Cidade Universitária costumam pautar os rumos das saídas da cidade, florindo no outono, como que convidando a partida das bandeiras para as terras do sul, Guairá e Rio Grande, na descida das peças do sertão para a Vila de São Paulo.
As paineiras marcam o fim ou o início da área urbana original, na região dos Pinheiros, onde Fernão Dias tinha suas terras. O outro lado era terra arrancada das matas, sítios espalhados pelo atual Butantã.
Para cá e para lá, os campos margeavam o rio, espraiados em várzeas que não podiam ser habitadas porque as cheias dos rios escondiam as epidemias que assaltavam a população.
Antes era cedo, depois era tarde. A vida corria no ritmo das paineiras florindo, avisando que o outono antecedia o inverno nos campos cobertos pelo roxo do capim gordura.
Agora é asfalto. Buracos e sujeira, calçadas estragadas, caminhões respirando fumaça.
Este ano as paineiras da Ponte da Cidade Universitária estão floridas, mas não deram o máximo, não se cobriram inteiras, como que protestando contra tudo de feio e torto que estão fazendo com o Brasil.
Em compensação, dentro da Cidade Universitária, perto da raia de remo, duas paineiras vingam as primas da ponte, enchendo os espaços com seu rosa deslumbrante.
É florada para mais de metro. Resgata a falta de empenho das paineiras decepcionadas com o Brasil. Dancem, flores, alegrem a vida!
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