As chuvas estão chegando
Pouca coisa é mais impressionante e mais bela do que uma tempestade de verão. A violência da natureza se abatendo sobre o mundo, deixando claro quem manda e a insignificância humana é aterrorizante e ao mesmo tempo deslumbrante.
A cena hipnotiza, aguça os sentidos, abre a comporta dos medos ancestrais, da história da humanidade sistematicamente varrida, brutalizada, diminuída pela natureza em fúria e pela sua contrapartida, representada pela perseverança do homem diante do inevitável.
O Mito de Sísifo explodido no dia a dia de milhões de pessoas que perdem tudo, mas recomeçam, reconstroem, não entregam os pontos, mesmo completamente desamparadas, mesmo abandonadas por quem tinha a obrigação legal e moral de socorrer os necessitados, dar amparo e reconstruir o que foi perdido.
Faz tempo que o Brasil sabe que a história de que aqui não tem grandes catástrofes naturais é balela. Deus não privilegiou o país, pelo contrário, estamos entre as dez nações mais atingidas pelos fenômenos de origem climática.
Não temos terremotos, furacões, tornados – tudo balela. Temos e estão aí nos noticiários, mostrando que a lenda é só lenda. A parte verdadeira dela é que nossos políticos realmente estão entre os piores do mundo.
As tempestades de verão estão chegando. Dando as caras, vindo do sul, subindo rapidamente pelo território brasileiro, com toda a beleza e a destruição de que são capazes.
O duro é que ano depois de ano elas chegam, destroem, matam e não temos até hoje um plano mínimo para enfrentá-las e minimizar os prejuízos de milhares de pessoas que serão afetadas. É como se os nossos governantes dissessem: o povo, ora, o povo que se dane.
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