As amoreiras
Lisboa tem um shopping center que se chama Amoreiras. Mas as amoreiras de que eu quero falar hoje não têm nada com o shopping português. Ao contrário, são os arbustos que começam a carregar de frutos na cidade de São Paulo.
As amoreiras não são árvores imponentes, não. Estão mais para arbustos grandes. Muita gente não as acha bonitas. Eu, ao contrário, gosto delas, de suas folhas largas, verdes claras, e de sua copa ampla que se espalha por um círculo bem mais largo do que o tronco.
Bom é comer amora no pé. Tão bom quanto comer jabuticaba e pitanga. As safras delas também estão chegando, mas agora é o momento das amoreiras. Elas saem na frente, sabe se lá porquê.
Na natureza é assim. As coisas acontecem no ritmo delas e não nos cabe tentar decifrar seus mistérios.
Quem somos nós para tentar entender os desígnios de Deus? A natureza é Deus em ação. É seu lado ativo na Terra. Quem somos nós, pedacinhos de um enorme quebra-cabeça, para tentar entender o todo, ver a figura completa?
Não tem a menor condição! Por isso, a sequência das cargas das frutas está muito além da nossa vã compreensão. Sei lá porque as amoreiras dão frutos agora e as mexericas no começo do ano.
Há de ter uma regra e pode até ser que os botânicos tenham a explicação, mas nós, mortais que só queremos comer as frutas, não temos a menor ideia do porquê as plantas fazem deste ou daquele jeito.
Aliás, para o gosto bom na boca, para o prazer de comer uma amora, que importância tem o porquê? Nenhuma. O bom é comer amoras debaixo dos arbustos carregados. Ou será que tem quem, em vez de comer, prefere saber que elas dão frutos assim ou assado porque são ou não são corintianas?
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