Amador Bueno da Ribeira, o aclamado
Entre março e abril de 1641, São Paulo foi palco de um evento inusitado. Um homem foi aclamado rei e declinou da coroa.
Em 1640, Portugal se livrou do domínio espanhol, iniciado por Felipe II, na segunda metade do século 16. Com a Restauração, subiu ao trono português João IV, o primeiro da Casa de Bragança.
Quando a notícia chegou ao Brasil, ele foi reconhecido como soberano em todo o território da Colônia, mas, em São Paulo, um movimento criado pelos moradores de descendência espanhola, interessados em preservar as terras paulistas sob o domínio da coroa de Castela, lançou outro nome para ser aclamado rei dos paulistas: Amador Bueno da Ribeira.
Amador Bueno da Ribeira era dos mais importantes habitantes da vila. Filho de um espanhol e de Maria Pires, nascida numa família paulista, Amador Bueno foi dos homens ricos e bem relacionados por parentesco, mas, em plena época bandeirista, nunca foi bandeirante. Apesar disso, ocupou os mais altos cargos públicos da Capitania de São Vicente e, de acordo com a tradição, foi um grande financiador das bandeiras que demandavam o sertão.
Os descendentes de espanhóis viram nele a solução para São Paulo permanecer espanhola. E levaram o povo a aclamar Amador Bueno rei.
Mas ele recusou a aclamação e jurou fidelidade a D. João IV. Com medo dos desdobramentos de seu ato, se refugiou no Mosteiro de São Bento e lá ficou, enquanto o Abade e outros religiosos acalmavam o povo e pediam que D. João IV fosse reconhecido como monarca das terras do Brasil. Conseguido isso, os paulistas enviaram uma comitiva a Lisboa, que, de acordo com a lenda, levou ao rei português um cacho de bananas de ouro como prova de vassalagem.
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