A violência não parece nossa
O Brasil é campeão mundial nos mais diferentes campos da violência. Matamos quase 60 mil pessoas assassinadas todos os anos. Aumentamos a conta com mais 60 mil mortos e 600 mil inválidos produzidos pelos acidentes de trânsito. Outros milhares morrem pela falta de atendimento médico-hospitalar e outros pela falta de programas de saúde pública.
Quantos milhares de brasileiros são afetados todos os anos pelos acidentes de trabalho, campo onde também estamos entre os campeões mundiais em função do descaso com o tema?
Para não falar nas mulheres que morrem direta ou indiretamente vítimas dos abortos clandestinos, praticados aos milhares em todo o território nacional.
Mas tinha uma área onde não nos sobressaíamos, ainda mais quando comparados com países da Ásia. Os estupros coletivos não faziam parte da nossa realidade.
Ou, o que é mais grave, faziam, mas não tinham visibilidade. Se o trágico caso maranhense não abriu nossos olhos, agora o Brasil tem estupro coletivo filmado e colocado nas redes sociais para ninguém ter dúvida de que aconteceu e que as pessoas envolvidas são aquelas mesmo.
Confesso que fiquei chocado e estarrecido ao saber que uma menina de 16 anos tinha sido alvo da agressão brutal e covarde. E mais chocado ao descobrir que outros filmes com estupros também estavam na net.
Não há explicação, fato ou história que justifique uma agressão do tamanho do estupro. Seja em que situação for.
É um crime bárbaro, que não merece compaixão da sociedade, nem perdão para quem o comete. Quando vários homens atacam uma única mulher, é caso de se perguntar onde é que erramos. Porque com certeza erramos e os filmes não deixam dúvidas: a sociedade está doente.
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