A vida segue

O dia foi bom? Que bom! Para a vida tanto faz, a vida segue.

A noite foi boa? Quem bom! Mas para a vida tanto faz, a vida segue.

O São Paulo tem um plano perfeito para ser rebaixado? Que bom! Está quase chegando lá, mas para nós, são-paulinos, o resultado tanto faz. Afinal, a vida segue.
A vida segue no bom e no ruim, no claro e no escuro.

Segue indiferente, pacientemente, como as águas de um imenso rio, que correm lentas mais irresistíveis, capazes de destruir qualquer barragem.

A vida segue. A vida segue. A vida segue. Segue com chuva e com vento, com sol, com câncer, gripe espanhola, varíola, catapora.

Segue na saúde, na alegria, na riqueza, na felicidade. Segue com a certeza do planeta girando em torno do sol, segue na certeza do fim dos tempos em qualquer momento, que não será o final dos tempos, mas um outro recomeço.

Segue na saudade dos dinossauros que passaram, nos ossos enterrados nas catacumbas, nas cruzes que enfeitam as igrejas, nas luas cheias que iluminam os lagos, na saudade que também passa, como passa tudo no seguimento da vida.

Amanhã é outro dia. Tanto faz para a vida, amanhã é só mais um dia e também passará como passou o ontem, o anteontem e o ano passado.

Como passaram os séculos e os milênios e o tempo que não passa, só engana, no ritmo da vida que passa como se não fosse com ela.

E passam os amores, passam as lembranças, passam os avós, os pais e os filhos, que um dia serão pais e depois serão avós.

A vida segue porque a vida segue. Não tem como brecar, não tem como descer do carro, não tem como pedir socorro. A vida segue e passa, nos cabelos brancos que tomam a cabeça, na juventude que ficou para trás.