A razão de ser das obras mal feitas
Por que alguém faz mal feito alguma coisa que poderia fazer bem feito? A pergunta é tão velha quanto a humanidade. Sempre foi assim e sempre será assim. Tem gente que faz mal feito e ponto.
As razões para fazer mal feito são as mais variadas possíveis. Por isso merecem citação os tradicionais versinhos napolitanos que eu tomo a liberdade de traduzir: “Quem pode não quer, quem quer não pode, quem sabe não faz, quem faz não sabe, assim o mundo vai mal”.
A essência de todos os motivos está aí. Não há nada que alguém possa fazer para mudar isso.
Tem quem faz mal feito e tem quem faz bem feito. Lamentavelmente, o primeiro grupo é muito maior.
Fazer bem feito dá o mesmo trabalho que fazer mal feito, mas o cidadão prefere fazer mal feito, mesmo sabendo que provavelmente terá que fazer de novo.
É o caso da prefeitura paulistana. Ela sabe que as obras estão sendo tocadas nas coxas.
O termo “nas coxas” vem do uso das coxas pelos escravos encarregados de moldar as telhas nas olarias. O resultado é que as telhas prontas não eram do mesmo tamanho, variando de coxa para coxa.
É olhar a qualidade dos remendos entre as pistas nas ruas, do asfalto usado para tapar buracos, da coleta de lixo, das ciclovias pintadas com urucum boliviano e o mais que for elencado, como uniformes escolares, merenda e creches.
Poucas vezes na história da cidade as coisas estiveram tão mal como agora. Mas tem explicação: em época de crise, desemprego é problema. Fazendo mal feito, tem que refazer e isso exige contratação de mão de obra que faz mal feito de novo, pra assim refazer outra vez.
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