A natureza gosta de festa
Tem gente que acha que não é bem assim, que a natureza gosta mesmo é de dar pau no ser humano. Que festa para ela é soltar suas forças com liberdade para criar. Destruir em volta, derrubar, inundar, quebrar tudo.
Que ela gosta mesmo é de céu cinza e vento forte, tornado varrendo tudo, limpando o caminho, abrindo verdadeiras estradas na paisagem.
Eu não discuto, a natureza faz dessas coisas. E faz cada vez com mais frequência e fora de hora. Não só no Brasil, mas em todos os lugares imagináveis e inimagináveis. Para o quadro ficar completo só falta o Saara inundar, depois de alguns dias de tempestades torrenciais.
Londres fica debaixo d’água. A França fica debaixo d’água. Alemanha, Itália, Austrália, Estados Unidos, Japão, China ficam todos debaixo d’água. Se eles ficam, por que o Brasil não ficaria? Fica também.
Ninguém discute, as coisas estão mudando com violência e rapidez. Faz parte de um processo pelo qual nos culpamos, mas até onde não é só pretensão da nossa parte?
Será que somos tão poderosos que somos capazes de mudar o clima? Dez mil anos atrás a era do gelo estava aí e o homem morava em cavernas. Até que ponto o aquecimento tem participação humana?
De qualquer jeito, não é por aí. Ou não é só por aí. Se fosse, não teríamos os ipês dando um show de cores, apesar de malcuidados pela Prefeitura.
E não são só eles. Outras plantas querem fazer sua parte e se enfeitam com suas flores, francamente dispostas a mudar a paisagem.
O que são os buracos, o trânsito parado, o marronzinho multando diante de uma árvore densamente florida? Os ipês roxos foram embora? Não faz mal, as azaleias ainda estão aí. Lindas! E, depois delas, a fila anda, com outros ipês e jacarandás dando a cor da vez.
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