A morte do Toninho do Jardim de Napoli
Não me lembro quando foi a primeira vez que fui ao Jardim de Napoli. Nem quantas vezes, ao longo das últimas décadas, tive o privilégio de comer seu maravilhoso e imbatível polpetone, ou uma de suas pizzas, ou, no final da tarde, beber uma cerveja e comer uma linguiça, jogando conversa fora com gente que a gente gosta.
Durante os anos que fiz Crônicas da Cidade elencando, na minha opinião, os melhores restaurantes da cidade, o Jardim de Napoli sempre esteve entre os dez primeiros.
Além da comida maravilhosa, o lugar é uma delícia, o barulho do local faz bem para a alma e o pessoal é único, no carinho e na simpatia.
É por isso que escrevi triste a crônica de hoje. O Toninho, dono do Jardim de Napoli, morreu. Eu sei que todo mundo morre e que alguém sempre fica triste pela morte de um amigo, de um parente, de uma pessoa querida.
Também sei que ninguém é mais importante ou mais especial diante da eternidade e do mistério da morte.
Mas a morte de certas pessoas tem o dom de nos deixar mais tristes, de nos afetar mais, de bater mais fundo. A morte do Toninho, para mim, está entre as mortes que não precisavam acontecer.
Podem achar que é egoísmo, mas tem gente que a gente não quer que parta. Por uma série de motivos os mais variados, farão falta, deixarão uma saudade mais funda, uma dor mais doída, uma lembrança mais quente.
Faz algum tempo que não frequento o Jardim de Napoli com a constância de antes. Coisas da vida, falta de tempo, correria, trânsito. O fato é que perdi o hábito, mas isso não diminui a minha tristeza pela morte do Toninho, nem minha inveja de quem está no céu e daqui pra frente terá o seu inigualável polpetone por toda a eternidade.
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