A morte de Arthur
A morte é a sequência natural da vida. O homem nasce e morre. Não há escapatória, não há alternativa, é assim porque é assim. A morte faz parte do processo. Não é fim, é recomeço ou outro começo, serve de berço para outras vidas ou se perpetua na eternidade que não tem início nem fim. Por isso, a vida e a morte estão sempre presentes.
Mas o que dizer quando um homem bom morre? Sim, um homem bom. O homem bom é o cidadão que sai de casa de manhã cedo para batalhar o pão nosso de cada dia e volta de tarde, cansado, feliz, com a consciência tranquila e a certeza de ter feito bem feito para embalar o sono.
Entre as muitas pessoas que eu fui conhecendo ao longo da vida, poucas se comparam ao meu amigo Arthur. Poucas são tão transparentes e corretas como meu amigo Arthur. Poucas têm a generosidade e a grandeza de alma do meu amigo Arthur.
Arthur Allegretti Joly, homem bom, marido apaixonado, pai de família incondicionalmente presente, amigo exemplar, advogado diferenciado, juiz com carreira irretocável.
Arthur morreu depois de uma longa luta contra um câncer – o segundo –, que acabou vencendo e tirando o homem maravilhoso do convívio de quem ele gostava.
O mundo ficou mais triste e mais sem graça. A morte dos homens bons tem essa perversidade: ela piora a qualidade da vida e a beleza do mundo, ele embaça os horizontes da amizade, cria um buraco no peito da gente.
Eu sei que a lembrança do Arthur estará sempre com sua família e seus amigos, em histórias fantásticas, algumas inacreditáveis, outras singelas, todas quentes, cheias do calor humano que os olhos bons do Arthur refletiam como um espelho agradecendo a magia de existir. Descanse em paz! E que sua lembrança nos ilumine na saudade de você.
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