A lição de casa não foi feita
O Brasil vive um momento complicado, com apenas a força das instituições carregando a nação, o que mostra a solidez da democracia e a falta de pessoas competentes à frente do país. O cenário está desenhado em entrevista do Ministro Marco Aurélio Mello, que não hesitou em colocar o dedo na ferida e expor a falta de rumo moral que assusta o brasileiro.
Como contraponto, vale a pena ler um livro fundamental para explicar não só o que acontece agora, mas o que aconteceu nos últimos cem anos e que faz toda a diferença.
“Minha Formação”, de Joaquim Nabuco, é uma aula de como fazer uma carreira política com princípios éticos capazes de dar a coragem necessária para enfrentar os momentos mais difíceis, as tormentas mais rudes e chegar lá. Não porque compactua com mensalões e petrolões, mas porque chegar lá implica em coerência e comprometimento com o desenvolvimento material, mas, acima de tudo, moral da sociedade.
Entre os vários temas, eu poderia me estender sobre sua visão dos Estados Unidos, suficiente para explicar porque eles são eles e nós continuamos patinando.
Mas o livro entra em assunto muito mais relevante e que toca diretamente o Brasil de hoje. O fim da escravidão e a inserção dos negros na sociedade brasileira.
Numa análise lúcida, Joaquim Nabuco, mais de cem anos atrás, mostra o que aconteceu. Ao contrário dos Estados Unidos, onde o final da escravidão era parte de um projeto de desenvolvimento nacional, no Brasil, o abolicionismo se extinguiu com a Lei Áurea. Não havia plano para depois, não havia alternativa para o futuro, nem inserção dos negros na nova ordem social. Essa foi a grande falha do Império. E, ainda assim, o Império é o grande momento político da vida nacional.
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