A lição de casa não é feita
Como se não tivesse nada com isso, o Governo acaba de informar que o Brasil tem a quarta população carcerária do mundo, ficando atrás apenas de Estados Unidos, China e Rússia.
O dado é verdadeiro, mas torto. Quer dizer, não é o retrato real de uma situação dramática, na qual o grande culpado é o Governo, que não faz nada, mas faz cara de tonto e finge que não é com ele.
Se levarmos em conta o número de presos por cem mil habitantes, o Brasil cai para vigésimo qualquer coisa. Fica atrás de Uruguai e Cuba, a queridinha do Governo, que tem perto de 500 presos por cem mil habitantes, para lembrar que as ditaduras do proletariado adoram cadeia e não fazem cerimônia em utilizar o “paredon”.
Mas a questão não é essa. A questão é por que o Brasil tem este número de presos e a discussão demagógica que ela gera. Sim, demagógica. Muitos gostam de dizer que a culpa é da polícia, que prende mais do que deve. É um absurdo completo, mas, enfim, nós estamos na terra do absurdo, então, tanto faz lembrar o dado apavorante de que só 3% dos assassinos acabam na cadeia.
Tanto faz o sistema judiciário não funcionar. A questão não é colocada de frente. E aí a culpa do problema vai para os pobres. Os criminosos são criminosos porque são pobres. É a mais deslavada mentira. Ser pobre não é sinônimo de ser bandido. Pelo contrário! A imensa maioria dos cidadãos das classes D e E são honestos trabalhadores, que pagam uma conta muito cara porque o Governo não dá saúde, educação, inclusão social e segurança pública, mas permite desmandos de todos os tamanhos, praticados pelos protegidos do poder.
Enquanto educação e saúde não forem prioridades absolutas, o quadro não vai mudar. Aí o único jeito é a polícia continuar a prender.
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