A inviolabilidade do lar
A Constituição Brasileira garante ao cidadão a inviolabilidade do domicílio, a preservação do lar, local de refúgio, piques, fora do alcance das outras pessoas, exceto se em função de ordem legal, ou crime.
Quer dizer, o lar é sagrado. Ninguém tem o direito de invadi-lo, de se intrometer na intimidade da pessoa ou da família, se não em razão de grave ofensa à lei, pelo invasor ou pelo morador.
Pena que no Brasil só é mais ou menos assim. Que invadam sua casa com a sem cerimônia das tropas alemãs entrando na Polônia em 1939. Que derrubem as barreiras legais como se elas não existissem ou não merecessem respeito, feito as cancelas derrubadas pelas SS.
Onde fica o respeito sagrado ao ser humano como ser humano, dentro do lar, longe do contato público, distante de ações de marketing ou outras no gênero? Quem tem o poder de poder invadi-lo?
A tranquilidade com que os telefones tocam com mensagens de todos os tipos, com gente querendo saber se você quer trocar de telefone, de plano de tv a cabo, comprar cartão de crédito ou votar para presidente do sindicato de quem não gosta de vendedor telefonando é apavorante.
Se a história terminasse aí, já seria um absurdo, uma violação brutal da Constituição Federal, a mais baixa e desonesta agressão aos direitos fundamentais do cidadão, ao descanso, à inviolabilidade da privacidade e à preservação da sua individualidade.
Mas o quadro é muito mais trágico. As ligações acontecem sempre nas horas mais impróprias. Não acredito que seja sem querer. Quem liga, liga na hora próxima ao jantar, ou da novela, ou domingo cedo, porque sabe que é razoável você estar em casa. Mas o que é realmente apavorante é que as pessoas que ligam se sentem ofendidas e ficam bravas se você diz que não quer saber o que ela está oferecendo…
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