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Crônicas & Artigos

em 16/04/14

A florada comprida

por Antonio Penteado Mendonça

Este ano as paineiras decidiram florir antes. Vieram com cara de quem não quer nada, bem antes do tempo certo de sua florada. O que está na base dessa ação ninguém sabe. Pode ser que seja o mesmo fenômeno que fez as mexericas ficarem azedas.

O fato é que elas vieram, viram e floririam. Depois decidiram ficar floridas e isso tem sido ótimo para a cidade. São Paulo graças à florada das paineiras, está mais bonita por mais tempo.

O que as levou a decidir começar mais cedo e terminar mais tarde é destes mistérios que fazem a vida ser uma aventura completamente inesperada, pelo menos para nós, míseros humanos com mania de grandeza.

Diz o ditado que pode mais quem chora menos. As paineiras parece que decidiram dar uma lição nas quaresmeiras. Por quê? Vai ver porque uma é árvore de campo e a outra, árvore de mata. Nesse mundo tudo pode ser. Até um argumento como esse.

Seja como for, o fato é que as quaresmeiras não fizeram a lição de casa com o vigor habitual. Este ano vieram fracas e não ficaram floridas muito tempo.

As paineiras ao contrário, chegaram antes da hora, descarregaram suas flores e aí, quando algumas começaram a enfeitar as calçadas com suas pétalas feitas em tapete para esconder o cinza feio do cimento sujo, outras encompridaram a florada e se mantêm impávidas diante do tempo, do clima, do calor e da falta de chuva, que este ano foram a marca registrada do verão.

Quanto tempo ainda vão ficar floridas é uma pergunta sem resposta. Mas para quem quer uma cidade mais bela, quanto mais elas ficarem, melhor.

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