A data esquecida
O Brasil é um país curioso. Enquanto aqui se comemoram datas e pessoas cuja existência nunca ficou completamente clara, de outro lado, deixa-se de comemorar a data que marca o início de tudo. O descobrimento oficial do Brasil, acontecido – e documentado – em 22 de abril de 1500.
Mas até isso não é absolutamente certo. Apesar de não haver documentação comprovando, atualmente é dado como certo que em 1498 o navegador português Duarte Pacheco Pereira esteve na costa brasileira, levando a notícia de sua localização para Lisboa.
Tanto faz a data, o que vale é a data que tem alguma consequência direta para o desenvolvimento da história. A viagem de Duarte Pacheco Pereira teve como consequência direta a frota de Pedro Álvares Cabral, em sua viagem para a Índia, abrir a rota na perna do Atlântico para tomar posse oficial de uma terra que pertencia à coroa portuguesa pelo Tratado de Tordesilhas.
O resultado direto para a história do Brasil é a chegada de Pedro Álvares Cabral. A partir dela, a Terra de Santa Cruz começa a existir e isso acontece – documentalmente – em 22 de abril de 1500.
Sem o 22 de abril, todas as outras datas simplesmente não existiriam. A fundação de São Vicente, o polêmico 25 de janeiro de 1554 que consagra São Paulo, as invasões francesa e holandesa, Zumbi dos Palmares, a Inconfidência Mineira, a Independência, nada existiria da forma como a história nos conta, seja ou não como ela nos conta.
E, no entanto, entre tantos feriados, 22 de abril, data do descobrimento do Brasil, não é feriado, ao contrário de 21 abril, data da morte de Tiradentes. Enfim, numa terra em que nunca antes aconteceu tanta coisa, isso também não causa espanto.
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