A curva fora do ponto
É comum se dizer que alguém ou alguma coisa é o ponto fora da curva. A expressão identifica, para melhor ou pior, o que não está na média ou o que eventualmente distorça a média.
É uma expressão chique, vista como coisa de intelectual, de professor ou de quem conhece bem o assunto.
Durante uma palestra sacar: “veja bem, este é o ponto fora da curva” pega bem. Dá credibilidade, impõe, dependendo do público, inapelavelmente, firmando uma posição que passa ser verdadeira.
Mas, e quando a coisa adquire uma dimensão fora de propósito, quando fica grande demais e um mero ponto fora da curva deixa de explicar o que está acontecendo?
O ponto simplesmente não reflete a ideia a ser passada. É pequeno, limpo, sem discussão a favor ou contra e o que se quer mostrar é exatamente o contrário. Aí o ponto fora da curva deixa de ser uma solução para se transformar num acelerador do problema, na medida em que retira ou esconde a real dimensão do que se está analisando.
Nesta situação, a única alternativa é usar a “curva fora do ponto”.
Isso mesmo. “Curva fora do ponto”.
Ainda que no começo pareça estranho, “curva fora do ponto” passa ideia de tamanho, de grande dimensão, de problema ou solução definitiva.
Imagine uma palestra sobre um tema complexo, de difícil compreensão, ou uma demonstração num gráfico cheio de cores e curvas. De repente alguém saca: ”veja, é ali que está a curva fora do ponto”. Pronto! O problema deixa de ser problema, a resposta é aquela, única, límpida, transparente e lógica. Pois é, a atual Administração Municipal é a curva fora do ponto. Quando se mexe, a cidade capota.
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