A crônica também elogia
Tem gente que me acha corajoso porque critico o Governo. Não é caso de ser corajoso ou não, é minha função como titular da Crônica da Cidade. Da mesma forma que é meu dever elogiar quando o assunto merece elogio.
Alguns jornalistas gostam de sangue. Quanto maior a tragédia, melhor. É bom que eles cubram o feio e o dramático do mundo com olhos críticos, com imparcialidade, com verdade. O bom jornalismo é isso.
Quando comecei a Crônica, em 1992, a ideia era mostrar os lados bons e bonitos de São Paulo. Mas uma crônica diária, que pretenda mostrar a cidade, sua complexidade, relações e interações, não pode ficar apenas num dos lados da vida. A realidade é mais nebulosa e eu tenho que tentar passar isso.
A crônica de hoje foge um pouco da toada recente. Em vez de críticas mais ou menos duras, ela pretende fazer o mais amplo, rasgado e honesto elogio às ciclovias que acompanham a Marginal do Pinheiros.
A ciclovia da margem direita está com um pedaço interditado, mas isso não é razão para não falar bem da ideia que começou justamente do lado direito e agora tem também uma extensa pista que vai da Ponte Cidade Jardim até Interlagos, acompanhando a margem esquerda.
Se existe um único ponto que merece crítica e que pode ser melhorado, são as escadas de acesso para a Ponte Cidade Jardim. Evidentemente provisórias, construídas com armações metálicas, elas são difíceis de subir empurrando a bicicleta com as rodas encaixadas no trilho guia para ela.
Tirando as escadas, as ciclovias dos dois lados do rio são muito gostosas e a pedalada vale a pena. Pela beleza do pedaço, pela vista da cidade, pela terapia de graça e pelo ar puro nos pulmões.
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