A cidade é dos pernilongos
Não adianta correr, não adianta ficar, o fato incontroverso é que a cidade é dos pernilongos. Triste. Logo depois da posse do ex-Prefeito, no começo do ano passado, os pernilongos foram riscados do mapa com a competência dos grandes gestores, ou dos grandes negociadores.
Tanto faz, o fato é que, desde janeiro de 2017, São Paulo esteve praticamente livre dos pequenos assassinos voadores, que picam zunindo, dificultando a avaliação da vítima, se o pior é a picada ou o zumbido.
Um ano sem pernilongos faz a gente esquecer que eles existem e que podem ser terríveis. Que entram pelas casas com a falta de vergonha das cegonhas ou dos hipopótamos.
Desde a gestões Serra e Haddad a cidade não via algo parecido. Um ataque com a violência e precisão da atual invasão, que vitima seus moradores, diretamente atacados por centenas, milhares, quem sabe, milhões de pernilongos esfomeados, dispostos a enfrentar as neves do Kilimanjaro para sugar o sangue de quem passar perto.
Violenta, a nova geração de pernilongos abre caminho em revoadas múltiplas, dadas em toda as direções, por mosquitos sincronizados que não dão tempo para qualquer reação das vítimas.
Descem assobiando, atacam e partem, com a mesma toada e eficiência dos stukas mergulhando sobre as tropas russas espalhadas pelos campos de trigo da Ucrânia.
Mergulham, assobiam no lugar da sirene e entram de sola. Picam com a mesma eficiência que as bombas dos aviões de mergulho atingiam as tropas desprotegidas deitadas no solo gelado.
Cadê nossos heróis? Sabemos que, de uma forma ou de outra, é possível acabar com os pernilongos. Se no ano passado deu certo, por que tanta demora? Meu Deus, o que nós fizemos para merecer isso?
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