A beleza do 9 de Julho
Em 1932 mais de 70% dos brasileiros eram analfabetos. Se hoje, com índices melhores, a maioria da população nunca viu um exemplar da Constituição, imagine naquela época.
O que levou milhares de pessoas a se mobilizarem, como voluntários para lutar, trabalhar nas fábricas, socorrer os feridos nos hospitais de sangue, foi antes de tudo a revolta com a quase ocupação de São Paulo pelo Governo Federal depois da Revolução de 1930.
Sem o apoio paulista Getúlio Vargas não teria tomado o poder, mas, logo depois da vitória, o ditador entregou o estado mais desenvolvido da nação como campo de provas para experiências político-sociais feitas por gente de fora, que assumiu o poder, humilhando o povo com decisões na contramão do que há décadas acontecia em São Paulo.
Além da reação contra a humilhação que lhe era imposta, o cidadão paulista viu seu modo de vida, as conquistas recentes, a elevação do padrão social, a industrialização, a modernização econômica, a possibilidade de ascensão, o bem estar da família, ameaçados pelas ideias trazidas pelos “Tenentes” que tomaram conta do estado.
Pelo resgate da honra e pelo seu modo de vida valia a pena lutar. Se isso se chamava “Constituição”, muito bem, o paulista aceitava morrer por ela. Mesmo sem saber o que era uma constituição…
O 9 de julho foi inevitável. Ninguém conseguiria mudar a dinâmica dos acontecimentos. Homens e mulheres de todas as classes sociais aderiram ao movimento E veio a guerra. São Paulo teve um breve momento em que poderia ter vencido. O comando militar da Revolução não soube aproveita-lo. Daí pra frente foram 3 meses de luta contra todo o país, sem chance de vitória. Essa veio em 1934, não com a Constituição, que não durou 3 anos, mas com a USP, a melhor universidade do país.
Voltar à listagem