500 mil abortos por ano
De acordo com dados da ação movida pelo PSOL junto ao Supremo Tribunal Federal, o Brasil realiza 500 mil abortos clandestinos por ano. Eu não tinha ideia deste número, mas especialistas em saúde pública já haviam me dito que morrem 40 mil mulheres anualmente, vítimas de complicações com abortos clandestinos.
É pouco menos de 10% do total, um número absurdo de mortes, mas relativamente pequeno se pensarmos nas condições que a maioria dos abortos clandestinos são feitos.
Certa vez, anos atrás, conversando com o diretor de uma importante operadora de planos de saúde privados, ele me disse que era impressionante a quantidade de casos de curetagem que, depois de uma análise mais profunda, feita pela auditoria médica, apareciam com fortes indícios de se tratarem de abortos.
Mas a maioria dos abortos não é realizada em salas esterilizadas, como as curetagens pagas pelos planos de saúde privados. Do uso de agulhas de crochê para fora, vale tudo, passando por garrafadas e outras práticas capazes de matar ou mutilar a mulher.
A discussão sobre o aborto é uma discussão séria, que envolve vários aspectos éticos e religiosos. No mundo inteiro, é um tema denso, que leva à radicalização das posições, mas vários países, já faz tempo, liberaram o procedimento, inclusive para ser realizado na rede pública de saúde.
Não cabe aqui tomar partido ou defender isto ou aquilo, mas cabe colocar o quadro dramático enfrentado por milhares de mulheres brasileiras, que, invariavelmente sozinhas, são obrigadas a fazer um aborto clandestino como única opção para tocar a vida.
Diante da realidade dantesca, será que não é o caso da realização de um plebiscito onde apenas as mulheres decidam?
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