26 trens fora da bitola
É inacreditável, mas o Metrô de São Paulo comprou 26 trens sem ter os trilhos prontos. Mais de 600 milhões de reais em equipamentos estão estragando porque as obras da linha 5 atrasaram e só devem ficar prontas em 2018. Quer dizer, até lá os 26 trens devem virar sucata.
A notícia é apavorante. Mas mais apavorante ainda foram as explicações. Teve gente que disse que os trens estavam em testes. O curioso é que a linha 5, onde eles deverão ser utilizados, não está pronta e tem bitola diferente de todas as outras, ou seja, não dá para utilizar estes trens nas outras linhas do metrô, da mesma forma que não dá para testa-los porque eles simplesmente não cabem nelas.
Desde o desembarque norte-americano no norte da África, na Segunda Guerra Mundial o mundo sabe que a padronização é alma do negócio. Ao ver os soldados americanos tirando as peças de um veículo e colocando em outro, o Marechal Romell fez um comentário curto: perdemos a guerra. As peças alemãs eram específicas para cada veículo, não podendo ser utilizadas em outros modelos. Ou seja, a manutenção era mais cara, complexa e demorada que a norte-americana, onde as peças do jeep serviam no tanque e todos tocavam em frente com o máximo de eficiência.
Eu não sei as razões técnicas para o mesmo metrô ter bitolas diferentes. O lógico seria não ter e todos os trens poderem ser utilizados em todas as linhas.
Em São Paulo não é assim. Pode ser que o que eu estou dizendo não tenha pé, nem cabeça, mas não me parece provável. Se não tem padronização, alguma coisa está errada.
Seja como for, no caso concreto, quem morre com a conta é o cidadão que paga impostos. Os outros vão lucrar, afinal, até a linha 5 ficar pronta será necessário comprar outros trens, ou reformar estes.
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