Verão e seguro
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Tradicionalmente, as épocas do ano em que os grandes movimentos climáticos acontecem são o verão e o inverno. Tanto faz o hemisfério, é nessas estações que a natureza dá o ar da graça e mostra que quem manda é ela.
Esse quadro vem se agravando com o aquecimento global consequente do efeito estufa e se tornou a grande pressão sobre o ser humano. É uma tolice imaginar que o planeta irá sofrer com as mudanças climáticas. O planeta seguirá seu rumo, dentro de sua órbita, como se não estivesse acontecendo nada, até porque, em nível planetário, realmente não está acontecendo nada que ameace sua rota ou o movimento de rotação.
No máximo, a humanidade e outras formas de vida são diretamente afetadas e, se o desmando seguir em frente, sem controle, pode acontecer inclusive da espécie humana desaparecer. Nada de novo debaixo do sol. Os dinossauros governaram a Terra por mais de 50 milhões de anos e desapareceram, da mesma forma que o maior peixe que já existiu, o tubarão megalodon, também sumiu dos mares, depois de não conseguir se adaptar às mudanças que atingiram o planeta.
Nas últimas décadas, a Terra vem passando por um processo de transformação climática inédito desde a última era glacial. Quer dizer, o que está acontecendo já aconteceu antes, apenas as origens não foram as mesmas. Dez mil anos atrás, a Europa estava debaixo de sólida camada de gelo. Agora, o pêndulo balança para o outro lado, é o calor que ameaça a região. E isto faz os verões cada vez mais quentes, com todas as consequências decorrentes, da mesma forma que, nos meses de inverno, tempestades de violência incrível varrem o continente.
O fenômeno é global e atinge a América do Sul com os mesmos resultados. O Brasil, tido durante décadas como a terra abençoada em que não há cataclismos climáticos ou naturais, de repente, se descobre no olho do furacão, com vendavais, tornados e tempestades tropicais varrendo o país com a sem cerimônia de quem sabe que manda, da mesma forma que vê secas prolongadas também cobrarem seu preço.
Esses eventos custam caro para a nação e como o país tem pouco seguro para esse tipo de risco, os prejuízos acabam nas costas da população, especialmente a diretamente atingida, porque o governo fala muito, mas faz pouco.
É só perguntar quanto dos danos sofridos pela Serra Carioca depois da última vez que foi atingida foram pagos para se descobrir que até hoje a maior parte dos prejuízos não foram ressarcidos, da mesma forma que ainda há corpos de vítimas que não foram encontrados.
O país tem proteção securitária para vários riscos decorrentes das mudanças climáticas, mas os seguros não são contratados por uma série de razões, que vão de desconhecimento até anti-seleção de riscos, passando por coberturas inadequadas.
Como os eventos climáticos e outras mudanças naturais devem continuar crescendo de intensidade e causando danos cada vez maiores, o setor de seguros nacional precisa conseguir condições de cobertura mais modernas e mais eficientes para proteger o patrimônio nacional das perdas deles decorrentes.
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