Vacina e seguro
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
A melhor notícia que as seguradoras podem receber neste momento é que a vacinação em massa da população mundial controlou a expansão do coronavírus e que a Covid19 foi domada. O número de infectados e mortos em queda é o cenário perfeito para o setor, internacionalmente, ganhar alento para sair da pandemia com força para ocupar seu lugar na economia mundial, oferecendo proteção para pessoas e empresas num cenário menos pressionado do que o vivido nos últimos 12 meses.
A pandemia foi ruim para o ser humano porque desestruturou o funcionamento da sociedade, criando, por conta do isolamento social, uma recessão sem precedentes nos últimos setenta anos. Desde a Segunda Guerra Mundial, o planeta não vivia tempos tão difíceis. Milhares de empresas encerraram suas atividades, milhões de empregos foram perdidos, milhões de pessoas foram jogadas na miséria, milhões perderam a esperança e, mais grave, outros milhões perderam a vida.
A forma como a pandemia se espalhou e ocupou espaço, em dois movimentos sucessivos, gerando duas ondas, desestruturou as medidas mais fortes e mais eficientes incialmente empregadas para conter sua evolução. Países que no primeiro momento se saíram bem, como a Alemanha, na segunda onda estão vivendo recordes diários de mortes. A Grã-Bretanha fechou radicalmente o país. A França passa por um momento dramático e o Brasil volta à casa dos mais de mil mortos por dia.
A diferença entre eles é que o Brasil começou a vacinação atrasado e só se preocupou em ir atrás das vacinas quando o Presidente viu seu grande desafeto, o Governador de São Paulo, ficar bem na foto porque era quem tinha a vacina.
O resultado será a demora no país conseguir as vacinas prontas e os insumos para produzi-las, possibilitando à população a única forma de proteção eficiente contra o coronavírus.
Mas, seja como for, em passo mais lento porque tem menos vacinas, o Brasil começa a se mexer e a vacinação, ainda que em patamares mínimos diante do tamanho da população, está se tornando realidade.
Mais cedo ou mais tarde, o país conseguirá os índices de imunização necessários para domar a pandemia e, como as demais nações, começar a se reerguer. Enquanto isso, o mundo já estará retomando o ritmo necessário para o funcionamento e desenvolvimento da economia global e as seguradoras, em particular, terão dois fatores a contribuírem para a melhora de seu desempenho.
Com a vacinação em massa da população mundial, as seguradoras verão, primeiro, a queda dos números da pandemia, com a redução dos novos casos e dos óbitos impactando positivamente seus balanços, porque pagarão menos indenizações em função das perdas de vidas e patrimônios causadas por ela.
Em segundo lugar, com o controle da pandemia, haverá a retomada da atividade econômica, com os negócios voltando a acelerar seu ritmo e, consequentemente, necessitando novos seguros para que possam fluir dentro das condições operacionais e de segurança necessárias ao seu bom funcionamento.
Assim, se a vacinação contra o coronavírus é fundamental para a esperança do ser humano recuperar sua vida, de forma saudável e dentro das rotinas a que está habituado; se a vacina é básica para a retomada da vida dentro de seus padrões normais de contato e relações pessoais; se a vacina é necessária para retomar o ritmo dos negócios, ela é ainda mais positiva para o setor de seguros.
Com a vacina as companhias seguradoras matam dois monstros com uma paulada só. De um lado, assistem à queda expressiva das indenizações pagas e, de outro, passam a ter novas demandas pelos seus produtos, já que a proteção oferecida por eles continua sendo um ativo fundamental e insubstituível para o desenvolvimento social.
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