Um pouco sobre capitalização
Originalmente publicado no jornal Sindseg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Qual o gancho para o sucesso dos títulos de capitalização no Brasil? Inventados na França, estes títulos entraram no Brasil pela porta da frente e desde o século passado caíram no gosto do brasileiro.
Atualmente, as empresas de capitalização são ativamente fiscalizadas e normatizadas pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), o que faz com que há mais de 20 anos não se tenha nenhum estouro significativo prejudicando os consumidores de títulos de capitalização.
Ao contrário, as empresas de capitalização são sociedades sérias, capitalizadas, com reservas auditadas, regras claras de funcionamento, com produtos apresentados de forma simples e de fácil compreensão.
Não se ouve mais falar em golpes ou arapucas prometendo casas e caminhões para quem comprasse os títulos de capitalização.
Hoje a transparência é pressuposto para o sucesso na atividade. E as empresas praticam uma saudável concorrência, oferecendo diferentes tipos de títulos para os mais variados públicos, do pobre ao milionário.
Os produtos também se prestam para diversos fins, muitos deles dando sustentação a promoções de shopping centers, sem que o público tenha noção que, por trás de uma campanha de marketing, existe um título de capitalização garantindo a premiação.
Nos últimos tempos surgiu um título novo, desenhado para ser uma alternativa ao seguro de fiança locatícia. O produto se mostra competitivo e tem conseguido espaço no mercado.
Mas o grande produto de capitalização é o bom e velho título comercializado com ênfase no sorteio. De acordo com executivos do setor, ainda é ele quem puxa o carro, movimentando bilhões de reais entre sorteios e programas de investimento.
Sim, programas de investimento. Os planos de capitalização são um produto composto, com uma parte do dinheiro destinada a um fundo de investimento e outra destinada aos sorteios que acontecem regularmente, de acordo com as regras do título.
Um bom amigo, tido como dos grandes economistas do país, usa os títulos de capitalização para programas de poupança forçada, destinada à concretização de ações específicas. Por exemplo, a troca de um automóvel ou uma viagem. Mas ele é a exceção à regra.
O que o brasileiro efetivamente procura é o sorteio. A chance de tirar a sorte grande e levar uma bolada, com um investimento relativamente pequeno.
É aí que os títulos de capitalização ganham competitividade. Enquanto nas loterias tradicionais o dinheiro investido fica inteiro com a Caixa Econômica Federal e nos bingos de festas religiosas, com a paróquia, nos títulos de capitalização, transcorrido um espaço de tempo pré-determinado, mesmo que o investidor não vença o sorteio, ele tem direito ao resgate do valor que foi destinado ao programa de poupança.
Em outras palavras o que faz a diferença é que nos títulos de capitalização o investidor tem a satisfação de receber de volta parte do dinheiro gasto na compra do título, corrigido e remunerado. Ou seja, se ele não ganha o sorteio, tem o prazer de dar o troco recebendo de volta uma parte, ainda que pequena, daquilo que investiu na compra do título.
Como, em época de crise, reza brava, milagre, ajuda de santo e loteria entram na rotina das pessoas, é de se prever que, mesmo com todas as dificuldades à frente, os títulos de capitalização, em 2015, não devem enfrentar dificuldades ou sofrer impacto maior na sua comercialização. Ao contrário, se der a lógica devem inclusive continuar engrossando o faturamento
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