Um ano interessante para o setor de seguros
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Com certeza, 2021 não foi o ano da virada, nem o melhor ano da década, mas, ao longo dele, as seguradoras tiveram um desempenho bastante interessante. Aliás, como boa parte das atividades econômicas nacionais. É verdade, o terceiro trimestre ameaça confirmar uma recessão técnica, mas, dadas as características do negócio de seguro, nem mesmo isso deve interromper a sequência de resultados positivos em praticamente toda as carteiras e ramos de negócios.
Na base do desempenho está, evidentemente, o arrefecimento da pandemia e a liberação das atividades sociais em geral. Com menos restrições tolhendo a liberdade de ir e vir da população e com mais de um ano de vontade reprimida na bagagem, o brasileiro está lavando a alma, caminhando pelas ruas, tomando de assalto os parques, lotando os shopping centers, viajando, se estendendo nas areias das praias, redescobrindo as delícias do turismo, enfim, estamos voltando a viver. E isso é muito bom, para o corpo, para alma e para os negócios.
Com a atividade econômica acelerando, o setor de seguros cresce. Afinal, boa parte dos negócios necessita de proteção e quem a oferece são as seguradoras e os corretores de seguros. Ao longo de 2021 o Brasil recuperou parte dos prejuízos decorrentes do coronavírus, que cobraram um preço caro ao longo de 2020. E as seguradoras garantiram os riscos.
É verdade que a base de comparação é baixa, então, crescer neste cenário, não é difícil. As grandes barreiras devem cobrar seu preço no ano que vem, quando é esperado um crescimento menor do que o inicialmente projetado e com a inflação acima da meta.
Para o setor, 2021 trouxe novos negócios e a recuperação de negócios perdidos para a pandemia, em praticamente todos os ramos de seguros. Todas as carteiras apresentam evolução positiva e a demanda segue aquecida.
Em alguns casos, o que poderia estar girando mal, também está girando bem, por conta das compensações naturais feitas pela sociedade. É a realidade vivida, por exemplo, pelo setor de veículos, onde a queda das vendas dos “zero quilômetros” foi compensada pela explosão da venda dos veículos usados, com impactos positivos nas carteiras das seguradoras.
A situação está longe de ser confortável, os riscos de tropeços mais fortes são reais e a projeção para os dados do terceiro trimestre se encarregam de deixar isso absolutamente claro.
A alta da inflação, a consequente alta dos juros básicos, o dólar nas alturas, a falta de componentes e matérias primas, os gargalos no transporte, o desemprego, que insiste em não cair, são barreiras que cobrarão seu preço, reduzindo o ritmo do crescimento. Ninguém espera um 2022 esplendoroso, mas os números já alcançados em 2021 garantem ao setor de seguros resultados positivos.
Não é hora de baixar a bola. A tempestade não passou e o ano que vem é ano de eleição. Quer dizer, vai valer tudo para se chegar lá e os políticos não têm a menor vergonha de estenderem esse tudo a níveis dramáticos, se for o preço a pagar para vencerem. Tanto faz, agora ainda é este ano e, em 2021, as seguradoras terão balanços no azul.
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