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Crônicas & Artigos

em 26/05/17

Terrorismo

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

No começo do século 20, ações terroristas foram responsáveis, entre outros, pelo assassinato do último rei de Portugal e de seu filho e pelo início da Primeira Guerra Mundial.

Com dois conflitos catastróficos em 20 anos, as ações terroristas perderam espaço até os anos 1970 e 1980, quando voltaram com força, matando e ferindo indistintamente em todos os continentes, em nome das mais variadas causas, à direita ou à esquerda, sem a menor cerimônia.

A queda do Muro de Berlim e a derrocada do comunismo brecaram a fúria destruidora, principalmente pelo fim da Guerra Fria. Sem a bipolarização do mundo ficou mais difícil matar ou morrer em nome de alguma causa fora de moda. Além disso, a atração pelo dinheiro, pela vida boa e farta, se encarregou de levar parte da juventude para o mercado de trabalho, atrás das riquezas que a esquerda queria dividir nas décadas anteriores.

O fenômeno recrudesce de novo no início do século 21. 11 de setembro de 2001 marca a maior ação do gênero, deflagrada contra um país ocidental. A queda das torres do World Trade Center matou, feriu e causou danos de todas as ordens a milhares de pessoas direta e indiretamente afetadas pelo atentado.

O custo, muito em função do ataque ter acontecido em Nova Iorque, atingiu vários bilhões de dólares, parte suportado pelas seguradoras de vida e riscos patrimoniais norte-americanas e pelas resseguradoras internacionais.

A partir desta data, o combate ao terrorismo entrou na agenda dos Estados Unidos e de vários outros países, o que resultou numa série de ações, muitas equivocadas, destinadas a combater o mal no seu nascedouro.

Entre secos e molhados, o Oriente Médio foi politicamente redesenhado pela Guerra do Iraque, pelo Afeganistão (apesar de estar distante) e, fundamentalmente, pela chamada Primavera Árabe, no primeiro momento saudada como um sopro de democracia para depois se transformar no pesadelo do mundo, com o esfacelamento da ordem geopolítica da região.

Na cola da Al-Quaeda, surge o Estado Islâmico, que rapidamente ocupou vasto território do Iraque e da Síria, conflagrado pelos conflitos internos que destruíram a ordem estabelecida, abrindo um vácuo rapidamente preenchido pelos fanáticos dispostos a criarem um Califado ortodoxo, seja lá o que isso queira dizer.

O resultado foram as cenas trágicas, mostrando milhares de pessoas morrendo nos conflitos na região e nas tentativas de fuga pelo Mediterrâneo, em busca de refúgio e uma vida melhor, especialmente na Europa.

Com o aumento da intensidade dos ataques contra o Estado Islâmico, uma nova forma de terrorismo se instalou no mundo. É ela que está preocupando governos, pessoas e empresas, entre elas, as seguradoras e resseguradoras, pelo potencial de danos de todas as naturezas que são capazes de causar.

A barbárie do ataque contra os participantes de um show de rock, em Manchester, na Grã-Bretanha, a maioria crianças e adolescentes, dá uma ideia da boçalidade dos terroristas.

Não que exista terrorista que não seja um aloprado. Matar por matar, destruir por destruir, indistintamente, pessoas de todas as idades, sexos e religiões, é um ato anormal, algo fora da curva do comportamento humano, por isso é tão aterrorizante.

Nas ações atuais, os danos materiais não são muito expressivos. O que pesa e assusta é a facilidade com que matam seres humanos, atirando um caminhão contra o povo caminhando na rua ou participando de uma feira de Natal.

Não há nada que indique que estas ações estão controladas ou que devem diminuir no futuro próximo. Ao contrário, o ódio religioso, as frustrações sociais, a falta de perspectivas joga milhares de jovens nos braços das organizações terroristas, onde eles aprendem a matar e a morrer em nome de religiões ou valores que nunca pregaram a violência como forma de vida.

Neste cenário, não há como não aumentar a oferta de seguros especificamente desenhados para este risco. O setor está reagindo, oferecendo as garantias necessárias. O problema é que isso custa caro para o Estado, para o segurado e para as seguradoras. E não há nada que possa ser feito para reduzir a exposição ao risco.

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