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Crônicas & Artigos

em 22/08/22

Seguros, o futuro não é dramático

Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
por Antonio Penteado Mendonça

O desempenho do Brasil está sendo revisto para cima pela maioria dos players do setor financeiro, incluído o Banco Central, que, em seu boletim Focus, tem apontado tendências mais positivas, tanto para o crescimento do país, como para o controle da inflação. A situação está longe de ser confortável. As projeções não apontam números exuberantes, mas, em terra devastada, quem tem uma árvore é rico.

O mundo está andando de lado, com boas chances de engatar macha à ré, puxado por uma possível recessão nos Estados Unidos e na Europa, que, de qualquer forma, já apresentam taxas de inflação inéditas nos últimos quarenta anos. A China também não deve crescer a taxas elevadas e a guerra da Ucrânia segue sendo um desafio para o mundo, com imponderáveis como a produção de alimentos e o preço do petróleo ameaçando a economia global. A situação internacional está longe de ser confortável e pode ter efeitos negativos na retomada brasileira, mas, como as projeções para o país seguem melhorando, vamos acreditar nos especialistas e esperar um 2022 e um 2023 melhores do que as previsões de alguns meses atrás.

Mesmo com o cenário complicado, neste ano o setor de seguros apresenta crescimento real do faturamento. É uma notícia boa. A inflação alta mascara o crescimento da atividade econômica. Muitas vezes os indicadores apontam para, por exemplo, um crescimento de seis por cento, quando a inflação do período foi de oito por cento. Então, de verdade, há uma queda real de dois por cento. Não é isso que vem acontecendo com o setor de seguros. Descontada a inflação, o crescimento segue no azul. É verdade que a sinistralidade também está alta e isto é ruim porque compromete o resultado de companhias com foco nas carteiras mais onerosas, como é o caso de seguro de veículos, uma das mais importantes do mercado.

Com a melhora dos indicadores de crescimento da economia e redução da inflação, haverá espaço para o aumento da demanda por novos seguros, o que fortalecerá o desempenho positivo que já se observa no setor.

Não quer dizer que 2022 será um ano confortável para todas as seguradoras. Muitas ainda sentem o aumento da sinistralidade observado no ano passado e no primeiro semestre deste ano. Mas a economia apresentar dados mais consistentes do que os previstos até há pouco significa que as condições macroeconômicas estão mais favoráveis para a atividade econômica como um todo, o que puxa para cima o faturamento do setor de seguros, na medida que a demanda por proteção volta a fazer parte – e a caber no bolso – das prioridades da sociedade.

Ninguém espera a explosão do faturamento, mas também não se espera um novo aumento extraordinário dos sinistros. A equação resultante é favorável para as seguradoras, na medida que o aumento dos prêmios deve ser maior do que o aumento das despesas. Com as contas equilibradas, o setor pode aguardar a hora certa para dar o salto que inexoravelmente o levará a dobrar de tamanho.

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