Seguros – FIDES 2023
Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
por Antonio Penteado Mendonça
O setor de seguros é dos mais globalizados. Não é raro uma empresa sediada no Brasil ceder riscos para outra sediada nas Bahamas, que repassa parte do que aceitou para uma terceira em Londres e outra, em Cingapura. Também não é improvável essas cederem parte de seus riscos para uma companhia portuguesa, que tem parte da sua cessão feita para uma companhia sueca, como também não é impossível um ressegurador local brasileiro ficar com um pedaço do risco original cedido pela seguradora brasileira.
Isto acontece pelo desenho do mercado internacional de seguros e resseguros e pelas tipicidades das operações de seguros e resseguros. O negócio precípuo de uma seguradora é constituir e administrar um fundo mútuo, com a finalidade de fazer frente às indenizações decorrentes dos prejuízos causados aos seus segurados pela ocorrência de eventos cobertos.
Embora possam ter outros desenhos, normalmente as seguradoras são sociedades anônimas, que têm como único negócio aceitar os riscos oferecidos pelos segurados. Ou seja, gerenciar sua operação de forma a administrar a captação dos clientes, a emissão dos contratos, a regulação dos eventos reportados, a definição dos prejuízos cobertos e o pagamento das indenizações.
As seguradoras têm milhares de segurados. Por conta disso, e para não deixar segurados descobertos em função de pagamentos de indenizações para quem chegar primeiro, as seguradoras têm limites que restringem sua capacidade de pagar. O que exceder esses limites deve ser cedido para outras empresas, que podem ser seguradoras (contrato de cosseguro) ou resseguradoras (contrato de resseguro).
Como parte principalmente das resseguradoras são empresas internacionais, os seguros aceitos por uma seguradora local e cedidos para elas, muito antes de se falar em globalização, já percorriam o mundo, em função das companhias que participam dos painéis de resseguros poderem estar instaladas em países completamente diferentes uns dos outros. Para funcionar bem, o sistema precisa conversar.
A FIDES (Federação Interamericana de Empresas de Seguros) é uma entidade que agrega as associações de seguros privados de vinte países membros e que tem a CNSEG (Confederação Nacional das Seguradoras) entre suas fundadoras. É ela quem organiza a cada dois anos a Conferência Hemisférica de Seguros, a maior plataforma de conteúdo e relacionamento de seguros nas Américas e Península Ibérica. Este ano a Conferência acontece no Rio de Janeiro, entre os dias 24 e 26 de setembro.
Nela serão discutidos os principais temas que afetam o setor de seguros no mundo e que são justamente as maiores ameaças que pairam sobre a população do planeta. Entre eles, merecem destaque o aumento do número de segurados, as mudanças climáticas, transformação digital, Open Insurance, vida e longevidade, ASG (Ambiental, Social e Governança), aperfeiçoamento regulatório e macroeconomia.
É uma oportunidade preciosa para saber o que acontece no mundo e como o Brasil pode ser afetado, para o bem e para o mal.
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