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Crônicas & Artigos

em 15/06/20

Seguros – é hora da pacificação

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Toda atividade humana, seja social, coletiva ou individual, tem impactos e oscilações capazes de interferir nos seu funcionamento. São movimentos que criam diferentes situações, com as consequentes reações, para o bem ou para o mal ou simplesmente indiferentes.

Entre as situações mais ameaçadoras estão as tensões. Tensões de todas as naturezas. O poder acontecer, o esticar da corda, o risco de ruptura, as divergências são ameaças que afetam o dia a dia da humanidade, seja um fator de ordem natural, seja um movimento humano, coletivo ou individual. Tanto faz se no campo das relações pessoais ou no campo das relações coletivas, com impacto nas relações públicas ou nas relações particulares, no campo das pessoas físicas ou das pessoas jurídicas, as tensões têm o dom de criar ou exacerbar divergências e antagonismos, com potencial destruidor em diferentes escalas.

Desde os mais remotos antepassados do ser humano, as tensões são parte inerente à vida. Aliás, elas ultrapassam em muito o gênero humano, para serem parte da vida em geral, seja no patamar que for, uma bactéria invadindo um corpo vivo ou um predador perseguindo sua presa.

As tensões, de origem natural (a ameaça de uma erupção vulcânica) ou de origem humana (o eclodir de uma guerra), estão constantemente presentes, tanto faz se no campo social, coletivo ou individual.

E elas podem, se não forem equacionadas, ter resultados dramáticos, como a destruição de Tróia ou as duas guerras mundiais que, no século 20, moldaram o mundo atual.

De outro lado, se forem administradas, negociadas ou minimizadas, as tensões podem atingir picos impressionantes sem que desaguem em tragédias ou rupturas. O melhor exemplo é a Guerra Fria que, durante meio século, ameaçou a humanidade sem, todavia, jamais eclodir. E a não explosão teve como base a vontade humana de evitar o seu desaparecimento e a capacidade das partes negociarem.

Ao longo de sua história, o setor de seguros brasileiro viveu momentos suaves e outros de intensa tensão. Em diferentes passagens, divergências naturais, consequentes da evolução dos negócios e do cenário, colocaram em lados opostos seguradores, resseguradores e corretores de seguros, cabendo às autoridades a tarefa de mediar as diferenças e, se necessário, agir para resgatar a normalidade operacional e o funcionamento harmonioso do conjunto.

Necessário dizer que o setor – mesmo convivendo com as tensões normais da atividade empresarial – não é dos mais complicados, nem dos que se destacam pelas divergências incontornáveis, geradoras de tensões capazes de rachar a sua estrutura ou comprometer o seu funcionamento.

Ao longo do último ano e meio, todavia, este cenário se modificou e tensões inimagináveis para os participantes da atividade ganharam vulto e estão criando, artificialmente, um clima pesado, desagregador e desnecessário.

Ao contrário das crises anteriores, as tensões atuais têm sua origem no poder público. Em vez de preservar o bom funcionamento de uma atividade com foco social, responsável pela proteção do patrimônio nacional, que administra fundos de mais de um trilhão de reais, uma série de ações equivocadas, mal conduzidas ou desnecessárias, iniciadas por integrantes do Poder Executivo, desaguaram numa série de conflitos, enfrentamentos e, invariavelmente, derrotas das posições assumidas pelo governo, nos campos legislativo e judicial.

Mais do que nunca é hora de baixar a bola. A sociedade brasileira necessita de um seguro obrigatório de veículos. O mercado de seguros precisa do corretor de seguros forte e prestigiado. Não tem sentido afirmações desconectadas da realidade, inclusive internacional, lançarem dúvidas a respeito da capacidade das seguradoras e da estrutura do setor de seguros brasileiro.

A única forma de se fazer isso é através do diálogo e da negociação entre todos os envolvidos, a começar pelo governo. Resgatar a autoestima do setor é a melhor maneira de restaurar a paz, desnecessária e artificialmente quebrada, não se sabe porquê.

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