Seguro – A revolução silenciosa
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
O mundo passa por transformações importantes por causa da pandemia e elas escondem outras transformações, mais ou menos profundas, que já vinham acontecendo antes da chegada do coronavírus. Como a covid19 mudou as rotinas da vida, as pessoas, espremidas pela solidão forçada decorrente do isolamento social, não conseguem ver muito além de suas caixinhas, dos espaços a que estão confinadas, e isso faz com que não percebam que o mundo não parou, que o que vinha acontecendo antes de 2020 continua acontecendo em 2021 e que o que mudou foi apenas a velocidade com que essas mudanças, iniciadas antes da pandemia, acontecem.
Não há como separá-las e dizer que o que teve início antes não foi afetado pela pandemia e pelas consequências devastadoras que alteram o comportamento humano em todas as partes do planeta. O mais complicado é que se as alterações comportamentais são mais ou menos semelhantes e se a base comum é a revolta causada pela impotência diante da ameaça da pandemia, que mata milhares de pessoas diariamente, as reações não são iguais, nem geram as mesmas consequências, e isso faz ainda mais difícil desenhar um padrão homogêneo, válido para o mundo.
Vários setores da sociedade já estavam em processo de transformação antes da chegada do coronavírus. Entre as maiores mudanças está o paradoxo de que nunca tantas pessoas tiveram tanto, ao mesmo tempo em que a diferença entre ricos e pobres nunca foi tão grande.
O agronegócio está reduzindo a fome no planeta. As quantidades de alimentos produzidas por países como o Brasil estão modificando a realidade trágica de milhões de pessoas que não tinham o que comer. A indústria automotiva experimenta um redesenho que altera completamente a sua realidade. Os carros elétricos, compartilhados e utilizados por aplicativos estão moldando um novo cenário para sua utilização e, portanto, para os desafios urbanos em geral. O emprego de novas tecnologias modifica produtos tradicionais.
Enquanto isso, do outro lado, as mudanças climáticas modificam as relações entre os eventos naturais e o ser humano, atingindo de forma mais pesada um número maior de indivíduos que, por falta de opção, se instalam em áreas de maior risco.
Nesse universo complexo, desafiador e pressionado pelas dificuldades do dia a dia, poucas pessoas estão percebendo uma série de mudanças setoriais, entre elas, a revolução que vai mudando a cara do setor de seguros brasileiro. Não é um processo que começou ontem. Ao contrário, pode-se colocar o seu início por volta de 2010. De lá para cá, as atividades que integram o setor passaram por mudanças significativas, desde o desenho das companhias, passando pelos produtos e a sua forma de comercialização.
Quem sabe a revolução mais visível seja o novo relacionamento do setor com a sociedade, marcado pela intensificação da responsabilidade social de todos os players, preocupados em atender, da melhor forma e pelo melhor preço, o maior número de pessoas e empresas.
Para o bem e para o mal, as seguradoras estão se reinventando, como companhias e como gestoras de produtos. Os seguros estão cada dia mais simplificados, mais acessíveis e mais baratos, prontos para atender um número muito maior de consumidores. Novas garantias substituem antigos clausulados, oferecendo uma gama maior de alternativas, algumas muito positivas, outras nem tanto, porque, por incrível que pareça, restringem as coberturas.
Os serviços ligados ao negócio estão cada vez mais informatizados. A TI cria possibilidades quase infinitas para a precificação dos seguros e para a gestão das empresas. A internet começa a ser explorada de forma intensiva e o seu potencial ainda não pode ser avaliado, mas, com certeza, é muito maior do que a previsão mais otimista.
A profissionalização da mão de obra se dá de forma acelerada em cursos, seminários, palestras, videoconferências, etc. O último passo foi a criação da cadeira de seguros privados em curso de direito. Em poucos anos, os benefícios de sua implantação serão usufruídos pela sociedade.
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