Riscos da revolução cibernética
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Na América Latina revolução ainda é vista como a tomada do poder pelas armas, com a deposição do antigo governante com a ajuda inestimável das Forças Armadas. Mas revolução vai muito além de um golpe militar e costuma ter consequências mais profundas do que a troca de um governo por outro.
Que o digam a revolução do fogo, do ferro e da roda, que modificaram a forma de vida das sociedades e permitiram avanços impressionantes em todos os campos. E, mais recentemente, a revolução da imprensa, as duas revoluções industriais, o surgimento dos jornais, o rádio, a televisão e, por último, mas tão importante quanto, a revolução iniciada com os transistores, desde os grandes computadores até a internet, os celulares e as redes sociais.
Ninguém imagina como eram as comunicações sessenta anos atrás. Falar para um jovem de hoje sobre telefone de magneto, telefone de disco, fila para linhas, telex, fax, fotos com filmes, máquinas de escrever e calcular, toca-discos, gravador de carretel etc. é o mesmo que exigir dele que descreva a batalha de Verdun na Primeira Guerra Mundial. Não vai dar em nada.
A velocidade das mudanças tecnológicas no campo da informática é assustadora. O novo hoje é velho amanhã e estará esquecido em poucos anos. Se em algum tempo foi verdade que “nada dura para sempre”, este tempo é agora, com todas as mudanças impressionantes que nos chacoalham e fazem a sociedade mudar seus padrões morais, seus conceitos éticos e a visão de certo e errado, com todas as consequências daí advindas.
A nova realidade afeta o universo empresarial, altera realidades físicas e os conceitos éticos aplicáveis ao mundo corporativo. Consequentemente, atinge o negócio do seguro, altera os conceitos das coberturas, cria novos riscos não previstos em boa parte das apólices e exige uma profunda revisão de conceitos e taxas. Só isso seria suficiente para aquecer a atividade seguradora, mas há muito mais, apenas no campo da revolução cibernética.
Não há dia que o noticiário não traga um novo incêndio florestal, um furacão de força extraordinária, tufões avassaladores, tempestades tropicais inéditas e assim por diante. Não há mais como falar que as mudanças climáticas não existem. Elas estão aí, diariamente cobrando um preço absurdo da insensatez humana. Os prejuízos estão na casa das centenas de bilhões de dólares anuais.
De outro lado, a pandemia da covid não deixa dúvida de que a humanidade será atingida por outras, ainda desconhecidas, mas muito mais fortes, capazes de ultrapassar em muito o número de mortes e os custos do coronavírus.
São dados dramáticos que ocupam a maior parte dos noticiários, inclusive com entrevistas de especialistas apontando os riscos e as medidas para mitigá-los. Mas os danos consequentes da revolução cibernética, com ênfase nos ataques praticados contra redes de todos os tamanhos, públicas e privadas, são mais apavorantes e causam prejuízos de trilhões de dólares, sem chamar a atenção. As notícias sobre o tema se limitam às “fake news” e conversas de políticos pelas redes sociais.
O quadro é muito mais sério. As seguradoras sabem disso e as grandes empresas também. O problema é que todos estão ameaçados e as empresas menores ainda não perceberam a importância de se protegerem, inclusive contratando seguros contra esses riscos.
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