Os seguros de veículos sob ataque
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Que o seguro de automóveis está com a sinistralidade elevada não é novidade. A partir da redução consistente do ritmo da pandemia do coronavírus, os sinistros voltaram a crescer e, por conta disso, com certeza, 2021 será um ano que as seguradoras que operam na carteira não farão questão de se lembrar. E a sinistralidade continua elevada em 2022, obrigando várias seguradoras a reverem os preços de suas apólices.
O maior impacto é resultante dos furtos e roubos, mas não há que se desprezar as colisões e, por que não dizer, as fraudes. É um cenário negativo, principalmente porque o aumento do preço dos seguros chega numa hora que a economia ainda não se recuperou, as pessoas estão com o caixa baixo, o desemprego segue elevado e outras despesas podem ser mais urgentes do que a renovação dos seguros. É um quadro em que perdem todos.
Mas não são apenas os automóveis que estão na linha de frente. As empresas de ônibus estão passando por um momento difícil, com atos de vandalismo, praticados principalmente a mando do crime organizado, crescendo de intensidade, se tornando eventos quase que corriqueiros na vida da população.
O mais grave é que há pouco que se possa fazer para conter o ritmo das ações criminosas. A polícia não tem contingente para colocar um agente em cada coletivo e não é possível se prever quando e onde acontecerá a próxima ação. Na maioria das vezes elas acontecem nas periferias, o que dificulta ainda mais ações para tentar inibi-las, se não fosse por outra razão, porque a área urbana da grande São Paulo é enorme, o que torna impossível ser constantemente patrulhada. Neste cenário, incendiar um ônibus e fugir antes da chegada dos policiais é fácil, o que encoraja os criminosos a praticarem a ação.
Para quem acha que já está de bom tamanho, mais uma notícia ruim. Dados recentemente publicados dão conta de que os roubos e furtos de caminhões estão em alta. Não se trata do roubo e furto para desviar as cargas transportadas. Estes seguem em patamar elevado, mas o seu foco não é o veículo e sim a carga. Então os caminhões costumam ser recuperados.
De acordo com a pesquisa, está havendo o aumento dos roubos e furtos dos próprios veículos. Os caminhões estão sendo visados como o fim da ação. Quer dizer, na medida que não é a carga que é o objetivo, mas o próprio veículo, a recuperação dos caminhões roubados tem diminuído, aumentando os valores pagos a título de indenização.
Não há nada que indique que haverá uma redução rápida desse tipo de crime. De acordo com o levantamento, a ação dos bandidos acontece principalmente nos pontos de parada regular dos caminhões. Em teoria, seria possível aumentar a fiscalização deles, o que reduziria a ação dos bandidos. Mas, na prática, a teoria é outra. A realidade é que os bandidos seguem agindo e a única proteção eficiente contra sua ação é a contratação de seguros, que, em função da criminalidade, estão custando cada vez mais caros. É a cobra comendo o próprio rabo.
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