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Crônicas & Artigos

em 29/01/24

O trânsito apresenta números ruins

Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
por Antonio Penteado Mendonça

A cidade de São Paulo teve 987 mortes decorrentes de acidentes de trânsito em 2023. É um número muito alto, mas que pode ser maior ainda. É possível que parte dos óbitos, acontecidos em hospitais para onde as vítimas tenham sido levadas, não tenham sido computados na conta. Da análise dos dados decorrem duas informações que deveriam exigir providências urgentes: o maior número de vítimas foi em consequência de acidentes com motos e o maior número de mortes é de homens na faixa entre 18 e 25 anos.

Mas o quadro é muito mais grave e a situação no país está longe de ser melhor do que a da cidade de São Paulo. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, apenas entre 29 de dezembro de 2023 e primeiro de janeiro de 2024, aconteceram 725 acidentes nas rodovias fiscalizadas por ela.

Um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Transportes mostra que 80% das estradas do país apresentam algum tipo de problema, com 2648 pontos críticos identificados em rodovias federais e estaduais.

São números acachapantes, que garantem a alta taxa de acidentes ao longo de 2024. É pouco provável que São Paulo tenha uma redução significativa no número de mortes nas ruas da cidade, como é certo que as estradas com problemas seguirão tendo problemas, pelo menos a maioria delas. As exceções são as estradas privatizadas, onde a manutenção é bem-feita e, consequentemente, o número de acidentes é menor.

Não tem como esses números não afetarem o setor de seguros. Não tanto pelo número de mortos, que não é capaz de alterar o resultado dos seguros de vida, mas principalmente pelo número de acidentes de todos os tipos, que resultam em indenizações de perdas parciais e perdas totais que atingem bilhões de reais. Apenas em 2023 as seguradoras pagaram mais de 300 mil indenizações por perda total, a imensa maioria decorrente de colisões. Esse número chega perto de 15 bilhões de reais, se colocarmos a indenização média por perda total em 50 mil reais.

Os primeiros dados de 2024 não são animadores. Ainda é cedo para dizer que será assim, mas o ano começou com o aumento do número de acidentes nas estradas. Para agravar o quadro, o Brasil, hoje, não tem um seguro obrigatório para acidentes de veículos que dê conta do recado eficientemente.

Nos últimos anos, houve uma média próxima de 400 mil vítimas de acidentes de trânsito por ano, das quais algo pouco abaixo de 40 mil vieram a falecer. As principais vítimas são pessoas das classes D e E, ou seja, os menos favorecidos são justamente os que não estão recebendo as indenizações do seguro obrigatório porque o governo desmontou o DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados Por Veículos Automotores Terrestres) e ainda não colocou nada no lugar.

Se há algo necessário neste momento, é a criação de um seguro obrigatório para acidentes de trânsito. E não adianta ficar discutindo o sexo dos anjos, com a intenção de estatizar o seguro, como o governo vem fazendo. Quem sabe fazer seguro é o mercado segurador e ele é tocado pela iniciativa privada. É hora de enfrentar o problema do trânsito a sério. A sociedade não pode mais pagar este preço.

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