Penteado Mendonça Advocacia

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Crônicas & Artigos

em 09/01/15

O tema está tomando volume

Originalmente publicado no jornal Sindseg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

As bicicletas rapidamente estão tomando conta das ruas. Se até agora eram os pedestres, a bola da vez passou a ser a magrela. Por conta disso, alguns ciclistas imaginam que podem tudo, tanto faz se podem mesmo ou não. Mais ainda, tanto faz se o outro é maior e mais duro ou não.

Pedalam na Marginal, mas não no cantinho, encolhidos, com medo do que pode vir pra cima deles, não. É na pista do meio, competindo com os carros, como se houvesse alguma chance da bicicleta ser mais rápida quando a Marginal não está engarrafada.

O apavorante é que, se estes ciclistas são completamente irresponsáveis, os marronzinhos são inconsequentes. Não fazem nada para retirar o cidadão do meio da rua ou para impedi-lo de se meter lá. Ao contrário, permanecem impassíveis, olhando como se não fosse com eles, enquanto falam no celular, fingindo que estão trabalhando.

Isso vai acabar mal. Não tem como ser diferente. Se as motos são atropeladas da forma como são, imagine uma bicicleta destrambelhada, correndo entre os carros. Não pode dar certo e não dará. Elas não foram feitas para competir com veículos automotores. Eles são maiores, mais pesados, mais rápidos e mais fortes. Além disso, são equipados com parachoques, ao passo que o parachoque da bicicleta é a cabeça do ciclista.

Eu sei porque pedalo faz muitos anos e, apesar de todos os cuidados, sofri um acidente sério, provocado por um motorista estacionado em lugar proibido, que saiu sem olhar para ver se vinha alguém. Vinha eu, pedalando relativamente devagar.

Por sorte, o motorista viu a bobagem que tinha feiro e acelerou para fugir, o que fez com que eu caísse com a cara no chão, em vez de bater na traseira do carro. O capacete rachou, meu lábio superior precisou ser praticamente refeito, fiquei coberto de hematomas, com o corpo esfolado, mas não sofri danos mais sérios ou sequelas irreversíveis.

Como a bola da vez é a bicicleta e o legal é ser ciclista, da mesma forma que alguns pedestres acham que podem fazer o que querem e que todo mundo deve parar para eles, alguns ciclistas estão sem noção do que pode ou não pode, e fazem invariavelmente o que, além de não poder, causa o máximo de estrago.

A questão é séria e tem ligação direta com a atividade seguradora. Vários tipos de seguros podem pagar indenizações decorrentes de acidentes com bicicletas, envolvendo ou não outro tipo de veículo.

O primeiro produto a ser acionado será com certeza o plano de saúde privado do ciclista. Em seguida, caso os danos sejam mais sérios, o seguro de vida e acidentes pessoais. Se tiver um veículo a motor envolvido, o DPVAT. Em excesso dele, o seguro de RC facultativo do veículo envolvido no acidente. E, finalmente, os seguros de danos do próprio veículo e da bicicleta.

Cada um deles será impactado de uma forma diferente, mas o crescimento deste tipo de evento significa o aumento da sinistralidade de todos os seguros envolvidos.

Aumento de sinistralidade significa o aumento do preço do seguro para reequilibrar o mútuo, o fundo de onde a seguradora retira o dinheiro necessário para pagar as indenizações. E este aumento, por mais individualizada que a taxação de cada risco seja, acaba atingindo o bom segurado, que, por conta dos irresponsáveis que imaginam que podem tudo e que são tão invulneráveis quanto o Super-Homem, acaba pagando mais caro pelo seu seguro, tanto faz a forma como toque a vida, se tem bicicleta, se só anda de carro blindado ou o seja lá o que for.

Este aumento é linear, atinge a todos de forma nem sempre justa, prejudicando o bom segurado, que custeia parte dos sinistros causados pela irresponsabilidade de um cidadão que acha que sua bicicleta é o “carro de Apolo” e que em cima dela ele pode tudo, doa a quem doer.

Como o quadro só deve se agravar, é preciso ficar atento para não ser surpreendido com resultados negativos em carteiras tradicionalmente boas.

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