O que o ano nos reserva?
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Futurologia é coisa complicada, por isso o Oráculo de Delfos era tão acessado na Grécia antiga. O povo confiava nas palavras dos sacerdotes de Apolo e os sacerdotes eram espertos o suficiente para usarem frases que, dependendo da pontuação, mudavam completamente de sentido, tornando a interpretação sempre correta.
Eu não sou oráculo, nem tenho bola de cristal, mas, pelo que assistimos no final do ano passado, o brasileiro está muito mais confiante em relação ao futuro. Se não fosse assim, não teríamos a quantidade pessoas que ocupou as praias, de norte a sul do país. Foram mais de dois milhões no Rio de Janeiro e perto de um milhão no Guarujá. Se a crise continuasse em pauta, estes números jamais teriam sido alcançados.
Confiança quer dizer aquecimento da economia. Aliás, é exatamente isso que o movimento das pessoas no fim de 2019 comprova. O Natal foi muito melhor do que o de 2018 e a quantidade de carros que deixou São Paulo fala por si só.
O Brasil é um enorme transatlântico ganhando velocidade. Para um navio deste porte atracar, tem que começar a reduzir a velocidade muitas milhas antes de chegar no porto. Como estamos acelerando, reverter a viagem implica em manobra de muitas milhas e muito tempo, antes dos novos resultados começarem a aparecer. Quer dizer, 2020 está fechado, será bom e não tem como piorar. O que pode acontecer é a retomada do crescimento ser mais rápida, o que é melhor ainda.
Todos os indicadores apontam números positivos. O agronegócio deve bater recordes de produção na próxima safra. O comércio projeta números muito melhores do que nos últimos anos. Os serviços já estão em patamares importantes e a indústria, que vinha se arrastando, também começa a crescer em praticamente todos os setores, notadamente a construção civil, que, em São Paulo já está de vento em popa.
A retomada do emprego formal vai melhorando mês a mês e as recentes medidas adotadas pelo Governo devem acelerar o processo, principalmente através da inclusão dos jovens no mercado de trabalho.
Quer dizer, 2020, com ou sem oráculo, já está fechado e, ainda que o crescimento não seja muito alto, será um ano bom para o país e para a sociedade.
Existem ameaças ao processo e elas não dependem de nós. Fatores externos podem atrapalhar o resultado da nossa conta, mas mesmo eles não terão o condão de brecar subitamente a marcha nacional.
Desconsiderar o conflito comercial sino-americano seria uma temeridade. Há indícios de que as coisas caminham para uma solução, mas, dado o perfil dos jogadores, não há como se ter certeza de que o que vale hoje valerá amanhã.
O aumento das tensões na região do Golfo Pérsico não pode ser colocado de lado, até porque o seu primeiro resultado é o aumento do preço do petróleo, vale dizer da gasolina e do óleo diesel nas bombas brasileiras.
Mas, mesmo com essas ameaças, o Brasil promete crescer em 2020. É aí que o setor de seguros agradece. Crescimento significa aumento da circulação da riqueza, aumento da poupança e da capacidade de investimento. Se somarmos a isso o baixo nível da inflação e o atual patamar da taxa básica de juros, o cenário é positivo para a atividade seguradora, com possibilidade real de crescimento em praticamente todos os ramos.
A venda de veículos zero está crescendo, o comércio em geral está girando, a indústria da construção está bombando, as pessoas estão viajando, enfim, a economia está aquecida. Isso é suficiente para forçar a demanda por novos seguros, necessários para garantir seu funcionamento. Mas há mais a caminho. Aumento de renda significa novas contratações de planos de saúde privados e planos de previdência complementar. Significa novos seguros para as novas necessidades de proteção das pessoas e das empresas. Entre secos e molhados, em 2020 o setor de seguros terá um belo ano.
Voltar à listagem