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Crônicas & Artigos

em 11/03/20

O impacto do Coronavírus

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

O coronavírus chegou para ficar, pelo menos por um bom tempo. Desde que a epidemia iniciada na China se tornou uma ameaça global, as autoridades de saúde sabiam que, mais cedo ou mais tarde, o vírus atingiria o Brasil, como de fato atingiu. As medidas adotadas pelo governo parecem ser adequadas e o que está sendo feito está em sintonia com as ações sugeridas pela Organização Mundial da Saúde, que inclusive avalizou formalmente as ações do Ministério da Saúde.

O coronavírus está rapidamente se espalhando pelo mundo. Todos os continentes já têm países com pessoas infectadas e a tendência é que a expansão prossiga, com maior ou menor intensidade, dependendo do país afetado.

As informações disponíveis dão conta de que a taxa de letalidade do vírus é relativamente baixa, não chegando a 3% dos doentes. Todavia, este é o cálculo sobre o número total de pessoas contaminadas. A situação muda drasticamente quando se trata de pessoas idosas ou com baixa imunidade. Nestes grupos o número de mortes é muito mais elevado.

Também há a hipótese do vírus preferir ambientes mais frios, o que deve ser comprovado rapidamente, já que ao doença se espalhou também por países mais quentes, como é o caso do Brasil. Se isto for verdade, então a epidemia brasileira não deve ser tão intensa quanto a de países de clima frio, agravada pelo fato de estarmos no inverno do hemisfério norte, o que explicaria a sua rápida expansão nos Estados Unidos e Europa.

Como o vírus é novo, ainda há muito a ser descoberto sobre ele. Sua capacidade de mutação, que parece ser elevada, seus limites, resistência, proliferação, letalidade. Os dados atuais dizem respeito basicamente ao que aconteceu na China, onde há sinais de que a propagação do coronavírus está perdendo intensidade. Ou seja, as medidas adotadas pelos chineses parecem ter se mostrado eficientes. O problema é que o resto do mundo não é a China e o que foi feito lá dificilmente será replicado em outro país. Tanto por falta de recursos, como por falta de um governo forte, com capacidade, por exemplo, de fechar cidades inteiras e trancar milhões de pessoas dentro de suas casas.

Pelo que se sabe até o momento, a maioria das pessoas infectadas terá, no máximo, os sintomas de uma “gripe”, não necessitando cuidados mais intensos. Aliás, neste sentido, as pessoas infectadas no Brasil, até agora, estão em suas casas e não em hospitais, o que mostra que seus quadros infecciosos são brandos.

Ainda é cedo para saber se o quadro vai permanecer assim ou se teremos uma aceleração da epidemia, com milhares de pessoas ficando doentes e procurando os hospitais. Aqui é importante um alerta para os boatos e achismos que se tornaram moda no país. Não é hora de criar pânico, nem de fazer terrorismo pelas redes sociais, espalhando notícias falsas sobre o vírus, a epidemia e seus desdobramentos.

O Brasil é palco de uma das maiores epidemias de dengue do mundo. Para dar uma ideia de sua violência, apenas nos primeiros meses de 2020, mais de noventa mil casos suspeitos foram notificados e a tendência é de os números continuarem muito altos, até pela falta de colaboração da população, que não toma as medidas sanitárias e de higiene necessárias para reduzir os criadouros de mosquitos.

Além da dengue, a chicungunha, a febre amarela, o sarampo, a hanseníase, a falta de saneamento básico, o sucateamento da rede pública de saúde estão aí, firmes e fortes, contribuindo com sua quota de óbitos.

Como, além das doenças, temos o impacto dos homicídios e mortes nos acidentes de trânsito nas estatísticas nacionais, pode-se dizer que o coronavírus será mais um, e provavelmente não o mais letal, entre tantos fatores que impactam a saúde e a longevidade do brasileiro.

Onde os efeitos do coronavírus podem ser mais devastadores é na economia. O Brasil estava lentamente saindo da crise e esperava um crescimento, baixo, mas positivo para o ano. Com o coronavírus se espalhando pelo mundo, corremos o risco de ver este quadro se complicar, em virtude da queda na atividade econômica internacional.

Nenhum destes cenários é bom para a atividade seguradora.

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