Novos riscos, novos desafios
Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
por Antonio Penteado Mendonça
Qual o impacto que a nanotecnologia pode ter na sua vida? A resposta óbvia, ainda que maioria das pessoas não sabendo bem o que é nanotecnologia, é que será um impacto positivo. Que através de seu desenvolvimento e utilização intensa as pessoas tenham melhor qualidade de vida, principalmente pelo seu uso na medicina, em equipamentos cada vez mais eficientes e com menos danos colaterais, capazes de gerar exames altamente precisos e soluções para doenças como as cardiovasculares capazes de reduzir significativamente os atuais índices de mortalidade.
Mas a nanotecnologia tem seu lado negro, capaz de gerar danos e prejuízos que ainda estão sendo descobertos e por isso ainda não são possíveis de serem quantificados.
Já se sabe que a nanotecnologia gera nanopartículas que podem causar sérios danos à saúde, não apenas dos trabalhadores envolvidos no processo de produção, mas também aos consumidores e destinatários finais dos produtos.
É sempre bom não esquecer os danos causados pelo “asbestos”, que até hoje geram indenizações de monta e foram responsáveis pelo abandono absoluto de produtos e meios de produção que num determinado momento eram vistos como a solução para um bom número de situações.
A realidade virtual está cada vez mais inserida no cotidiano das pessoas. Da mesma forma que a nanotecnologia, ela pode ser a solução ou um importante avanço para uma série de soluções com potencial para melhorar significativamente os padrões de vida de milhões de pessoas.
Só que ela também seu lado negro. Em função de seu uso intensivo milhares de pessoas poderão vir a ser vítimas de depressão, síndrome do pânico e outras doenças físicas e mentais decorrentes do impacto da realidade virtual em suas vidas.
Os carros autônomos já estão rodando ainda em período de testes, mas com previsão de entrarem massivamente no mercado ao longo das próximas décadas. E se os carros autônomos são uma realidade, as aeronaves também o são.
As forças armadas norte-americanas usam cada vez com mais frequência drones dirigidos a distância de centrais no interior dos Estados Unidos, ou por computadores ligados à satélites para atacarem alvos nos mais variados cantos do mundo. Quanto tempo levará para termos aviões de passageiros autônomos ou dirigidos a distância?
Além de autônomos, os carros tendem a usar eletricidade em substituição ao petróleo ou ao álcool. A questão é que, se de um lado, com a energia elétrica os motores serão muito mais simples e não poluentes, de outro, grande parte da energia elétrica gerada nos países desenvolvidos é produzida a partir de fontes com forte impacto no meio ambiente, especialmente no aquecimento global. Até que ponto a substituição dos combustíveis será, realmente, um ganho para o planeta?
A utilização maciça da inteligência artificial num número crescente de equipamentos de todos os tipos e destinados aos mais diversos fins abre uma avenida de situações inéditas na história humanidade, que poderiam chegar a uma “revolução das máquinas”, não como um filme de ficção científica, mas como algo real e que já está sendo seriamente debatido nos centros mais desenvolvidos, até porque os rápidos avanços tecnológicos prometem máquinas com capacidade de pensar e criar em poucos anos.
A forte urbanização por que passa a maioria dos países gera novas situações socias, ambientais e econômicas com potencial de risco além de tudo que se viu até hoje. Quando este processo é diretamente afetado pelo aumento dos eventos de origem climática, que se abatem exatamente sobre as áreas urbanas mais pobres, o potencial de danos adquire outro patamar, que tem se elevado constantemente de forma exponencial, ano após ano.
Este é o cenário em que navegam as seguradoras e as resseguradoras. Os novos riscos além de inéditos, ou seja, sem base estatística para serem precificados, apresentam potencial de danos incomensuravelmente maior do que tudo que já foi segurado. O grande desafio é como segurá-los. E as respostas precisam ser rápidas.
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