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Crônicas & Artigos

em 12/11/15

Marco Antonio Rossi

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Viver e morrer não depende apenas de nós. Quando menos se espera, a morte chega, numa bala perdida, num carro dirigido por um bêbado, num tsunami, na queda de um avião. Foi o que aconteceu no último dia 10. Retornando de Brasília para São Paulo, o avião que transportava o presidente da CNSeg e da Bradesco Seguros, e o presidente da Bradesco Vida e Previdência caiu próximo da divisa de Goiás com Minas Gerais.

No acidente, que abriu no solo uma cratera de cinco metros de profundidade, perderam a vida Marco Antonio Rossi, Lucio Flávio Oliveira, o piloto e o copiloto do jato de propriedade do Bradesco.

Me parece importante, para que não haja qualquer leitura incorreta deste artigo, deixar claro desde o início que eu tive o privilégio de ser amigo de Marco Antonio Rossi. De conversar com ele de forma próxima, franca e com grande confiança, sobre assuntos muitas vezes delicados, ele me tratando de “professor” e eu o chamando de “meu presidente”. Por isso, escrevo, triste e comovido, mas sem perder o senso, sobre uma pessoa diferenciada, por quem eu nutria, além da amizade, enorme respeito e profunda admiração.

A morte do homem abala o ser humano. Lhe dá a dimensão da sua fraqueza e da sua vulnerabilidade. Da sua impotência diante da vida e do seu destino. Como escreveu há mais de 400 anos o grande poeta britânico John Donne: “Nenhum homem é uma ilha isolada… a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

Mas a morte de certos homens abala mais. São perdas muitas vezes irreparáveis. Sem desmerecer os outros mortos no acidente, a começar por Lucio Flávio Oliveira, a morte de Marco Antonio Rossi se enquadra neste gênero. Marco Antonio Rossi fará falta ao Brasil, à família, ao grupo Bradesco, ao setor de seguros e aos amigos.

Por todas as suas qualidades e modo de ser, era um homem diferenciado, honesto, leal, transparente, ético, com profundo senso moral, o que o fazia um líder nato, alguém que traçava objetivos e os perseguia até se transformarem em realidade.
Um homem que não tinha medo de se posicionar, mesmo quando corria o risco de não agradar a maioria. Um homem que escutava com interesse e falava com precisão. Uma pessoa agregadora, com charme e poder de persuasão, até quando o assunto era duro e espinhoso. Alguém que, num momento complexo para o setor de seguros, promoveu uma revolução na atividade, alterando comportamentos, modificando práticas antigas, modernizando e arejando a condução dos problemas e a busca pelas soluções.

Marco Antonio Rossi foi um homem fiel a si mesmo. Direto, objetivo, não dava muitas voltas para entrar no assunto, mas se falava o que pensava, também ouvia os outros e tinha uma forma de se conduzir que cativava as pessoas e as fazia confiar nele, acreditar que sua ação era a melhor possível dentro da situação, pautada por padrões éticos claros, os quais ele adotava, invariavelmente, em todas as circunstâncias.

O Rossi chefe de família, o profissional, o amigo, o líder setorial, o segurador, o banqueiro, era sempre o mesmo homem, coerente com o que dizia e focado nos valores que davam sentido à sua vida.

Marido e pai dedicado; executivo de enorme sucesso, com longa carreira no grupo Bradesco, do qual se dizia que poderia vir a ser o próximo presidente executivo; líder incontestado do setor de seguros; presidente da CNSeg, Marco Antonio Rossi tinha uma personalidade alegre, que lhe dava olhos doces e gestos largos.

Com sua morte, perde o Brasil, num momento em que homens com suas características fazem tanta falta; perde a família, que de agora em diante terá as lembranças de sua intensa forma de ser para mitigar as saudades; perde o Bradesco, que deixa de ter em seus quadros um executivo do mais alto calibre; e perdem os amigos, entre eles eu, que deixam de conviver e interagir com um homem que, por tudo que acreditava e pela maneira como se comportava, era um exemplo a ser seguido, alguém cuja melhor definição seria: “ele é um homem bom”.

Rossi, que a eternidade lhe seja leve. Você fará falta.

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