Infraestrutura e Seguro
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
O Brasil deve fechar o ano na maior recessão da história recente do país. Os prognósticos variam entre menos 10 e menos seis por cento, os dois, números muito ruins. Na base está a pandemia, ou melhor, o momento em que ela entrou no país, a falta de uma política de enfrentamento coordenada pelo Governo Federal e a fraca recuperação econômica apresentada no início de 2020.
Não cabe aqui discutir o momento atual, no meio da pandemia, com cem mil mortos pela covid19 já contabilizados e chances concretas de fechar o ano com duzentos mil óbitos causados pelo coronavírus. O tema é como sair da encrenca em que nos metemos.
A primeira resposta é o agronegócio. A produção de grãos nacional deve crescer cinco por cento em comparação com 2019. É um novo recorde e que fica melhor ainda quando se sabe que a produção e exportação de proteína animal também deve bater recordes, principalmente pelas exportações para a China.
A segunda, passa pela retomada das obras de infraestrutura, tema que o governo trata com enorme carinho porque pode gerar o impulso necessário para reaquecer os demais setores da economia, graças à injeção de mais de setecentos bilhões de reais nos projetos já elencados.
Com a dívida pública encerrando o ano próxima de cem por cento do PIB, a única alternativa é a inciativa privada. E ela está pronta para atender o chamado do governo, até porque as obras necessárias ao Brasil representam uma oportunidade única, num momento em que o mundo está andando de lado, em consequência da pandemia.
As duas somadas podem ser a resposta para o país sair da crise fortalecido e em velocidade mais rápida do que a originalmente imaginada. Aliás, neste sentido, a história mostra que, se o Brasil tem enorme capacidade para entrar em crises desnecessárias, a capacidade de sair delas e retomar o crescimento da economia é muito rápida, o que permite virar o jogo em espaço de tempo menor do que o da maioria das nações.
Interessante notar que tanto o agronegócio, como as obras de infraestrutura têm em comum necessitarem de seguros para poderem atingir seu efetivo potencial de desenvolvimento. Seguros que estão prontos para serem feitos, mas que ainda não foram contratados, o que abre para o setor uma oportunidade de retomada dos negócios que as demais atividades ainda não têm.
Ao longo dos últimos anos, o agronegócio tem recebido mais atenção do governo, que tem aumentado a verba destinada ao pagamento dos cinquenta por cento do custo dos seguros rurais a seu cargo. Mas o valor atual ainda é menor do que o necessário para dar ao agricultor brasileiro condições de competitividade equivalentes aos seus concorrentes norte-americanos e europeus.
Do lado das obras de infraestrutura, é impossível avançar sem os seguros de garantia, de crédito e das próprias obras. As ordens de grandeza envolvidas não permitem pensar em investimentos e obras dessa magnitude sem a contratação dos seguros adequados à proteção dos empreendimentos a serem realizados.
Quer dizer, num cenário muito difícil, como é o nosso cenário socioeconômico, hoje, o setor de seguros pode largar na frente, graças à necessidade de seus produtos para viabilizar e incrementar o desenvolvimento dos dois setores com melhores condições de crescimento dentro da realidade nacional.
Os produtos existem e estão nas prateleiras das seguradoras. Quanto mais rápido forem utilizados, mais rápido será o processo. Para isso, é indispensável vencer o atraso e a lentidão da burocracia oficial e o atraso e o jogo de interesses políticos por trás das dificuldades criadas para vender facilidades.
Como a pandemia derrubou os indicadores sociais, mais do que nunca é o momento de transformarmos os números ruins nas chaves e nas molas que darão início ao processo de modernização da nação. E o setor de seguros está pronto para integrar a linha de frente que vai criar a nova realidade.
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