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Crônicas & Artigos

em 03/03/23

Futurologia com o pé na porta

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Recente pesquisa com CEOs de centenas de seguradoras ao redor do mundo dá conta que o setor está pessimista quanto a 2023. A maioria dos executivos acha que este ano será complicado e que a economia como um todo sofrerá e que os resultados da atividade também serão afetados pela crise.
Se bem que numa visão de três anos a maioria deles tenha uma posição otimista em relação à economia como um todo e ao setor em particular, para este ano eles têm como certo que deve acontecer a demissão de um número significativo de funcionários de seguradoras ao redor do mundo. Ainda segundo a maioria deles, é indispensável que o setor invista pesado em informática e inteligência artificial e reforce as regras de ESG.

A pergunta que fica é se a realidade brasileira é semelhante ao que acontece nos outros países. E a resposta é sim. A nossa realidade não tem razão para ser diferente do resto do mundo. Então, 2023 não deve ser um grande ano para a atividade, o que não significa que deva ser um ano ruim.

Em 2022, o setor de seguros cresceu bem acima da economia nacional. De acordo com números publicados, o crescimento bateu nos 21%, o que é um dado muito positivo dentro da realidade brasileira, principalmente porque mostra a solidez da atividade e reforça que não há, no momento, nenhuma companhia importante em dificuldades.

Mais importante do que o crescimento da atividade, todavia, foi o crescimento da entrega do setor para a sociedade. Em 2022, as indenizações, resgates, prêmios, pecúlios e outras formas de pagamento atingiram patamares inéditos na história do seguro brasileiro, reforçando o papel social e o comprometimento de todos os players com sua missão precípua.

De outro lado, o setor passa por um momento extremamente aquecido, com ações nos mais variados campos gerando resultados que impactam seu desenho e as consequências decorrentes de sua implementação. Em poucos anos, o setor de seguros brasileiro estará mais inserido nas rotinas da nossa sociedade e sua função de proteção será realçada pelo aumento consistente dos pagamentos de indenizações de todas as naturezas, fruto das coberturas das apólices disponibilizadas para a população.

Hoje, o setor é o maior credor dos títulos públicos federais. Por conta da obrigação legal de aplicar o grosso de suas reservas nesses papéis, grande parte dos mais de um trilhão e meio de reais em reservas está investido em títulos do Governo Federal, financiando a dívida nacional e gerando recursos para investimentos estratégicos, especialmente em projetos de maturação lenta, notadamente os projetos de infraestrutura.

Assim, ainda que sendo futurologia, é possível dizer com boa margem de certeza que, salvo a ocorrência de fato completamente inesperado, ainda que 2023 não sendo um grande ano para o setor de seguros, a partir de 2024 a atividade deve entrar numa espiral ascendente com capacidade para dobrar o tamanho do setor em, quem sabe, cinco anos.

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