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Crônicas & Artigos

em 23/10/15

Casimiro Blanco Gomez

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

A morte é sempre uma perda. Essa perda pode ser maior ou menor dependendo do morto e do ponto de vista. Não adianta dizer para os familiares, durante o velório, que outras pessoas também morreram na data da morte do parente querido.

Alguns morrem e somem de cena pouco depois, não deixam lembranças a não ser para amigos e parentes. Mas há os que a morte não apaga. Os que ficam porque sua história teve impacto além da família e dos amigos.

Casimiro Blanco Gomez está no segundo grupo. Sua morte recente reacende a luz sobre um dos grandes personagens do setor de seguros paulista. Casimiro Blanco Gomez pode não ser unanimidade quanto à sua forma de atuação, mas não será jamais alguém que passou sem deixar sua marca.

Sua carreira está intimamente ligada à história da Porto Seguro, com certeza um case de sucesso dentro do setor de seguros brasileiro. Ao longo de boa parte do caminho, aberto e consolidado pela visão de negócio do principal pensador da companhia, Jayme Garfinkel, Casimiro esteve na linha de frente da Porto Seguro.

Homem de ação, brusco, seco e direto, Casimiro Blanco Gomez chegava a intimidar as pessoas, especialmente quem não o conhecia bem ou não prestava atenção no seu olhar. Ao contrário do seu jeito, os olhos de Casimiro eram doces.

Conhecido pela sua firmeza, que às vezes beirava teimosia, Casimiro não gostava de ser contrariado, nem de ter suas posições contestadas. E a regra valia ainda mais quando, atrás do que ele queria, havia interesse da Porto Seguro.

Para Casimiro, a Seguradora era religião, templo e divindade. Sua visão de mundo passava pelo que era bom ou não era bom para a Porto Seguro. Se fosse bom, ele tocava em frente, sem medo de dragão, muro ou adversário. Se fosse ruim, lutava com todas as suas forças para que a ideia não avançasse.

Na sua forma de ser, Casimiro era justo. Rigoroso consigo mesmo, não via razão para não o ser com os outros. Da mesma forma que se cobrava, cobrava os outros, e o fazia secamente, sem muita firula ou volta para amaciar o terreno. Dizia o que pensava da forma que pensava, sem hesitação ou demora, com poucos adjetivos acompanhando o substantivo.

Tinha uma forma toda dele de trabalhar e de se relacionar com as pessoas. Se, de um lado, raramente deixava o rigor, de outro, fora do trabalho, podia ser próximo e tinha um humor próprio, que o fazia inclusive uma pessoa engraçada.

Dos anos 1980 em diante a figura de Casimiro Blanco Gomez ganha destaque no mercado segurador brasileiro, principalmente pela sua atuação em São Paulo. Ao longo destes anos, foi varias vezes Presidente e Diretor do Sindicato das Seguradoras, sempre com atuação concreta, direta e dinâmica em defesa de suas posições.

Nem sempre estas posições eram as posições de outros integrantes da diretoria ou do grupo envolvido no assunto. Mas sua capacidade de lutar pelo que considerava o melhor, ou o correto, ainda que com potencial para criar situações algumas vezes difíceis ou constrangedoras, nunca foi um empecilho para o avanço do mercado. Ao contrário, o contraponto acabava resultando numa composição e, o que poderia ser uma briga, terminava numa soma interessante e útil para todos.

Homem de personalidade forte, muitos tinham medo de se aproximar dele. Eu nunca tive este problema e, ao longo de muitos anos, sempre tive o melhor relacionamento possível com ele. Era um homem que eu respeitava pela capacidade profissional, pelo imenso conhecimento do mercado, pelas análises acuradas, pela lealdade à Porto Seguro, pela sua capacidade trabalho e pelo sucesso de sua longa carreira.

Ainda que estando fora do dia a dia do setor, a morte do Casimiro é uma perda e ele fará falta. Por tudo que fez, com certeza tem seu lugar garantido na história do seguro nacional, com presença marcante entre os responsáveis pelo desenvolvimento acelerado da atividade ao longo dos últimos 30 anos.

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