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Crônicas & Artigos

em 23/02/24

Capitalização é coisa séria

Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
por Antonio Penteado Mendonça

É interessante observar o comportamento das pessoas nas mais variadas situações, desde cenas caseiras até decisões com a seriedade de ordenar o início de uma guerra. Não existem duas reações iguais, como não existem duas análises ou dois impactos iguais. No máximo, são ações semelhantes, cujas consequências podem ser parecidas. Esta verdade vale inclusive, ou principalmente, para decisões financeiras, desde a utilização do crédito rotativo do cartão de crédito até a escolha dos investimentos pessoais.

As possibilidades de investimentos, atualmente, têm um número recorde de alternativas, desde as mais tradicionais até desenhos absolutamente inovadores, todas com mais ou menos risco e, naturalmente, mais ou menos retorno.

O setor de seguros não é listado entre as alternativas de retorno mais alto. O retorno sobre capital das seguradoras costuma ser menor do que o dos bancos. Os planos de previdência privada e os seguros de vida rendem menos do que a maioria das aplicações de curto prazo. E os títulos de capitalização também não são famosos pelo alto retorno do dinheiro investido no plano. Mas aqui há uma diferença.

Seria exagero dizer que ninguém usa os títulos de capitalização como programa de poupança. Um conhecido professor de economia meu amigo compra os títulos e espera o resgate com a finalidade de pagar uma viagem ou a compra de um automóvel. Como ele entende muito mais de economia do que eu, respeito sua decisão e a coloco como alternativa para o uso do produto.

Mas a verdade é que o grande gancho que atrai os compradores para os títulos de capitalização ainda é o sorteio, a loteria, que faz parte dos planos tradicionais e que podem pagar bastante dinheiro, com uma diferença em relação às loterias da Caixa: nos planos de capitalização, se o comprador do título não ganhar o sorteio, depois de um determinado tempo, ele recebe o dinheiro investido de volta. O que pode ser mais tentador para o brasileiro médio? “Se eu jogar e não ganhar, recebo o dinheiro de volta para jogar outra vez. Então vamos lá, bola pra frente que o jogo é de taça”.

Há mais de cem anos os títulos de capitalização tradicionais estão aí, fazendo a alegria de quem tenta a sorte grande e não é sorteado, como acontece na imensa maioria das vezes.

Atualmente, existem vários outros produtos oferecidos pelas empresas de capitalização. Quem sabe o mais visível, mas menos percebido, seja o sorteio de prêmios em shopping centers. Na maioria das vezes, a premiação é feita através de um título de capitalização.

Outra modalidade é o título de capitalização para o terceiro setor, que começa a ter importante papel no financiamento de entidades que atuam neste segmento. Há também o título de capitalização para garantir contrato de locação e a demanda por eles está crescendo.

Assim, dizer que as empesas de capitalização são as menos importantes do setor de seguros não é verdadeiro. Elas têm significativo volume de reservas, movimentam importantes somas de dinheiro e, tradicionalmente, fecham seus balanços no azul. Quer dizer, cada um é cada um e não se confundem. Não é porque as capitalizações têm menos visibilidade que elas não desempenhem relevante papel para os consumidores e para seus acionistas.

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