Aumentam os acidentes de trânsito
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Os atropelamentos com morte, em São Paulo, cresceram 10% na comparação ente 2024 e 2023. É um número alto e que encontra explicação no que vai acontecendo nas ruas da maior cidade brasileira. O trânsito em São Paulo saiu do controle e o “eu sou mais eu” tomou conta de boa parte dos motoristas. Cada vez menos gente respeita as regras para os veículos rodarem com um mínimo de ordem pela cidade.
A quantidade de acidentes com e sem vítimas mostrados diariamente pelas TVs é mais do que suficiente para não deixar dúvida sobre o que está acontecendo e, o que é pior, vai se agravar nos próximos meses. Os motoristas perderam o respeito pela CET. Nada de novo debaixo do céu. Faz tempo que a CET não faz mais do que multar, de preferência através de seus radares, quando eles funcionam, porque recente levantamento mostrou que um grande número dos equipamentos instalados funciona como enfeite, porque não estão operacionais.
A criação das faixas para motocicletas foi uma boa ideia, que tem tido resultado positivo, ainda que não sendo mais “zero mortes”, como a prefeitura informava até pouco tempo atrás. Não que, no total, os acidentes com motos não sigam sendo a principal causa de mortes no trânsito da cidade. Seguem. E a verdade é que eles acontecem por culpa de motoristas e de motociclistas que não respeitam a lógica e insistem em fazer manobras invariavelmente ilegais, que não podem dar certo, até porque não cabem dois veículos no mesmo espaço.
Os atropelamentos terem um crescimento de 10% na comparação do mesmo período de 2024 e 2023 está inserido na deterioração dos parâmetros mínimos de respeito à legislação para se dirigir em segurança em qualquer cidade do mundo. As barbaridades vistas diariamente, como carros dando macha-ré em plena Marginal ou trafegando na contramão em ruas movimentadas, corroboram o escrito e apontam para a total falta de comprometimento de boa parte dos motoristas com as regras de trânsito. E isto tem na sua origem a fiscalização deficiente e a justiça leniente, que não punem os infratores com o rigor necessário.
Aumento de atropelamentos implica em aumento do número total de acidentes de trânsito nas ruas da Capital. E mais acidentes tem como resultado direto o aumento das indenizações de seguros pagas em função deles. Não há como fugir da lógica. Mais indenizações implicam em seguros mais caros porque as seguradoras precisam readequar o preço de suas apólices para pagar as indenizações e manter a solvência. Se elas não reajustarem os preços de acordo com o aumento de seus custos, em algum momento haverá o descasamento entre entradas e saídas, tendo como consequência a seguradora perder dinheiro e desequilibrar o mútuo, comprometendo sua capacidade de pagar as indenizações.
Neste quadro, as seguradoras só podem reajustar o preço de suas apólices e a tendência de alta segue válida. Então é indispensável que as autoridades de trânsito tomem providências concretas para reverter o caos das ruas da Capital. Se isto não for feito, as mortes por atropelamento seguirão em alta, as mortes de motociclistas seguirão em alta, as perdas totais seguirão em alta, as perdas parciais seguirão em alta e o resultado será o preço do seguro, que já está caro, custar mais caro ainda. E quem paga a conta é o segurado.