2024 promete
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
O começo de todo ano é um momento de esperança, de sonhos aguardando se transformarem em realidade, de boa vontade, mesmo numa época em que a radicalização social nos coloca em polos opostos.
A possibilidade de um novo começo ou da retomada da marcha é invariavelmente um marco otimista na vida das pessoas. É isso que nós vivemos agora, com um ponto a nosso favor. O ano que terminou acabou melhor do que começou para o país como um todo. O Brasil do início de 2023 era uma nação muito mais belicosa do que o Brasil do fim de dezembro. Agora ainda temos rusgas mais ou menos sérias entre o Judiciário e o Legislativo, mas as outras diferenças entre os Três Poderes foram se acalmando e o diálogo vai permitindo que as composições ocorram, abrindo uma estrada mais plana para o desenvolvimento nacional.
Vários problemas estão sem solução e alguns deles simplesmente não terão solução, mas isso não é razão para o factível não ser implementado. Aqui vale um elogio para o Ministro da Fazenda, que, com jeito e competência, conseguiu negociar com o Legislativo, mesmo tendo o próprio partido fazendo oposição às suas posições.
Nem tudo saiu como ele queria, mas política é assim mesmo e a capacidade de negociar faz parte do jogo. Logo, ceder um pedaço para conservar o essencial é regra adotada não só pelos políticos, mas também pelos diplomatas. E nisto Fernando Haddad foi bem-sucedido.
É verdade, ele não vai emplacar o déficit zero, mas, entre secos e molhados, o Brasil entra em 2024 otimista e com boas possibilidades de mais uma vez surpreender os analistas, conseguindo um desempenho melhor do que o inicialmente imaginado.
A favor disso temos a reversão do humor internacional, com os países desenvolvidos revendo para cima os prognósticos que apontavam um momento de crescimento mesquinho. Temos também a queda progressiva dos juros nacionais, sinalizando que o Banco Central compartilha da visão mais otimista para o país ao longo do ano. O resultado dessa soma é a Bolsa de Valores estar em seu nível histórico mais alto e o dólar estar abaixo de cinco reais.
É verdade, o cenário não é feito só de notícias boas. Temos gargalos delicados que precisam ser enfrentados, começando pela falta de infraestrutura para suportar um crescimento mais consistente. Não tem como crescer sem o aumento da geração e da distribuição de energia elétrica; sem o aumento da malha logística; sem uma melhor adequação dos sistemas de abastecimento de água e coleta de esgotos.
Também temos o desafio das mudanças climáticas e dos eventos catastróficos decorrentes delas, sejam secas, excesso de chuvas, tempestades, vendavais, desmoronamentos, deslizamentos de terras, enchentes e outros, capazes de causar danos nos universos urbano e rural.
Teremos que lidar com eles e com as perdas e tragédias resultantes de sua ocorrência. Mas, entre secos e molhados, ainda que pagando um alto preço pelo que não foi feito e pelo que não depende de nós, 2024 tem tudo para ser um ano em que as coisas corram relativamente bem para a sociedade brasileira, inclusive com a adoção de medidas concretas para reduzir as desigualdades que nos fazem um país socialmente injusto.
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