(Português) Transferência de carteiras de planos de saúde
TRANSFERÊNCIA DE CARTEIRAS DE PLANOS DE SAÚDE
Os planos de saúde se dividem em diferentes linhas de negócios, que vão dos planos individuais anteriores à Lei dos Planos de Saúde Privados aos planos coletivos por adesão. Cada carteira tem suas características, o que faz com que sejam únicas, ainda que semelhantes a outros produtos da própria operadora ou de outras empresas do mercado.
Essa individualização faz com que cada plano tenha seu desempenho. Assim, não é verdade que todos os planos individuas são deficitários, como não é verdade que todos os planos empresariais são lucrativos, como não é verdade que todas as operadoras de planos de saúde ganhem fortunas. As variáveis envolvidas podem alterar o desempenho de dois planos semelhantes, com um sendo rentável e o outro não.
A gestão de cada operadora tem peso preponderante no resultado de seus negócios e, como me disse o presidente de uma das maiores seguradoras em operação no país, não adianta a companhia tentar passar para o segurado o custo da sua ineficiência, em algum momento isso vai se virar contra ela.
A regra se aplica aos planos de saúde privados. Os custos médicos/hospitalares são altos e sobem a cada inovação introduzida. Nem poderia ser diferente. O setor exige investimentos maciços em pesquisa e inovação e eles precisam ser remunerados quando o produto chega ao mercado.
Adicionar a ineficiência aos custos reais é dar um tiro no pé. A consequência, invariavelmente, é uma linha de negócios ficar deficitária, ou mesmo toda a operação. Entre as formas de limpar o negócio, a transferência da carteira deficitária para outra operadora é a mais simples, o que não quer dizer que seja a mais barata.
Ao transferir uma carteira, a operadora deve calcular quais as contingências futuras e remunerar o adquirente com valores suficientes para fazer frente a elas. Como tudo no mundo, essa operação pode ser feita levando em conta os valores corretos ou tentando passar o prejuízo para o consumidor, destinando menos recursos que os necessários para garantir os compromissos do plano ao longo do tempo.
A segunda solução não fala bem de quem tenta adotá-la, mas nem por isso deixa de ser praticada, não apenas no Brasil, mas inclusive em países desenvolvidos. Não é raro empresas tentarem se livrar de prejuízos decorrentes de sua incompetência jogando a bola para quem não tem nada com eles, apesar de, como consumidores, pagarem a conta ao longo do tempo.
A tentativa de se livrar do abacaxi tem vários modelos, mas, nos planos de saúde privados, quando a ideia é não cumprir com as obrigações, mas sair de cena levando vantagem, costuma se materializar através da transferência da carteira para outra operadora que, para reverter o prejuízo, piora o atendimento, substitui a rede credenciada, nega cobertura e assim por diante.
O triste é que no passado essa prática foi adotada com sucesso. Por isso é fundamental que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) estude profundamente cada operação, antes de autorizá-la.