Uma onça para manter o equilíbrio
A raia de remo da USP está se transformando num enorme pasto para capivaras. A prova viva da impressionante capacidade de reprodução da espécie pode ser vista pastando no pedaço.
Até algum tempo atrás, eram duas ou três. Agora são dois bandos, com dezenas de membros, invariavelmente com filhotes no pé.
Cada vez que passo pelas capivaras, a Clotilde fica completamente maluca e tenta se atirar contra a cerca que separa a raia de remo da avenida e do resto da Cidade Universitária.
É verdade que as capivaras não tomam conhecimento. Continuam pastando sem medo, ou como se não fosse com elas, porque sabem que não lhes acontecerá nada, que ali estão protegidas de humanos e outros animais que, na natureza, teriam enorme prazer em devorá-las sem qualquer cerimônia ou constrangimento.
Uma das grandes invenções – na visão das capivaras, evidentemente – é a proteção da fauna e da flora autóctones, ou não tão autóctones assim, já que protege também os pombos e os pardais, que imigraram, se integraram, nascem aqui, mas não são autóctones.
Eles têm a mesma proteção que os eucaliptos, os pinus e outras árvores, que não podem ser derrubadas sem ordem da autoridade competente, mesmo vindo de outras terras, do outro lado do mar.
As capivaras são as grandes beneficiárias da poluição da bacia do Tietê, nos 200 quilômetros iniciais.
Ratos enormes, elas sobrevivem praticamente em qualquer ambiente, por mais inóspito que seja. São Paulo é ruim até para os jacarés, mas para as capivaras é a primavera eterna.
Como elas não param de se reproduzir, minha sugestão para controlar a espécie é soltar uma onça pintada na Cidade Universitária.
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