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Crônicas & Artigos

em 23/02/15

Uma fábula real

por Antonio Penteado Mendonça

Em época de vacas magras, de falta de caráter, de bandalheira desenfreada, de cara dura, mentira e corrupção, notícia boa é melhor que chuva caindo em solo seco.

Tanto faz se está tudo errado, se governo e oposição são farinha do mesmo saco, se todo mundo rouba. A notícia boa é um bálsamo, refresca, revigora, faz acreditar de novo.

A história é singela, mas mostra outro Brasil, que tem jeito, onde nem tudo está perdido, porque ainda tem muita gente de fibra para consertar os desmandos dos últimos anos.

Quem me contou foi minha filha Marina. A empregada dela tem uma amiga que tem um filho portador de necessidades especiais. Não sei exatamente o que é, mas o menino precisa de cadeira de rodas, o que lhe dá o direito de receber dinheiro da Previdência Social.

Sua família é muito pobre e a mãe, numa atitude absolutamente humana, insiste para que ele requeira a pensão e assim engorde o magro orçamento familiar. Mas o menino se recusa. Mesmo diante do forte argumento da mãe, que este dinheiro faz falta para eles, ele diz não.

“No futuro, vou sustentá-la. Agora vou continuar estudando. Vou aprender, vou me formar, vou ter minha profissão e quando eu der certo, aí sim, vou sustentá-la. Vou pagar todas as suas contas, vou lhe dar uma vida boa, compensar a pobreza de hoje. Agora não. Agora eu vou estudar. Eu posso precisar de cadeira de rodas, mas minha cabeça é perfeita, funciona, me permite aprender. É isso o que eu quero. Não quero esmola, não quero dinheiro do Governo. Quero estudar e ser alguém”.

Não são exatamente suas palavras, mas seguem o sentido do que a Marina me contou. Ah, se o Brasil tivesse alguns milhares de meninos como este em vez da corja de políticos que nos assalta diariamente!

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