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Crônicas & Artigos

em 18/07/17

Um tiro nos dois pés

Com a mesma regularidade com que as cerejeiras florescem próximas do monumento em homenagem à amizade Brasil/Japão, a USP segue impassível na sua caminhada ladeira abaixo.

Agora, com um único tiro, a Universidade de São Paulo atingiu os dois pés. Decidiu implantar o regime de cotas, para que os alunos da escola pública sejam 50% do seu efetivo em poucos anos, e foi além: separou, dentro dessa categoria, uma parte para pretos, pardos e índios.

A USP conseguiu a façanha de introduzir dois tipos de cotas. A cota para o estudante que não é preto, pardo ou índio, que demanda capacidade mínima para competir pelo lugar ao sol, e a cota para pretos, pardos e índios, que entrarão na Universidade independentemente de qualquer triagem, apenas em função da cor da pele.

A pergunta que não quer calar é simples. À medida que a USP está descendo o nível de ingresso de parte de seus alunos, como a Universidade vai lidar com a disparidade dentro das salas de aula?

Vai baixar o nível de forma linear para que os pretos, pardos e índios não fiquem para trás dos demais alunos da rede pública e dos alunos da rede privada que entraram por capacidade?

Se fizer isso, estará renegando sua razão de ser, já que foi criada para formar os melhores quadros da sociedade.

A alternativa é montar classes mais e menos puxadas, ou seja, teremos alunos USP 1 e alunos USP 2, traindo a população do Estado, que é quem paga a conta através do ICMS destinado à USP, justamente para formar o melhor do melhor.

Em vez de mexer no estudo gratuito, na revisão dos contratos de trabalho dos funcionários e nas condições para ser professor, a USP inovou, piorou de novo e conseguiu, com um tiro só, acertar os dois pés.

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