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Crônicas & Artigos

em 06/01/15

Trombadas à frente

por Antonio Penteado Mendonça

Primeiro foram as faixas de ônibus. Centenas de quilômetros de faixas pintadas no asfalto, a um custo alto, como se a CET quisesse compensar todas as faixas que nunca foram pintadas para separar as pistas nas ruas e avenidas, pintando tudo de uma só vez.

Centenas de espaços vazios, porque não tem ônibus na maioria delas, gerando centenas de quilômetros de congestionamento, que os bem aventurados que voam de helicóptero veem do alto, mas não se importam, porque para eles está tudo bem.

Depois, centenas de quilômetros mais caros ainda, tingindo de vermelho, quem sabe numa homenagem aos mortos pelo trânsito, as faixas exclusivas para bicicletas.

E a mesma sensação de impotência. As faixas estão lá, completamente alucinadas, mas vazias. Não tem bicicletas rolando nelas.

Mas a criatividade é uma qualidade humana. Se não tem bicicletas, vamos usar as faixas vazias, que criam mais centenas de quilômetros de congestionamentos, para facilitar a vida dos cadeirantes e skatistas.

A ideia é de gênio. Imagine só a estreita faixa vermelha subutilizada pelas bicicletas recebendo, junto com as poucas magrelas, cadeiras de rodas e skates.

A festa está armada. Na curva seguinte, um skatista vai para a outra pista para ultrapassar uma cadeira de rodas e da outra direção surge rápida a bicicleta do entregador de pizza.

O acidente é certo. A batida forte e os danos sérios. Falta definir quem vai voar ou cair e pra que lado. Depois é decidir quem vai para o Hospital das Clínicas, para a Santa Casa, para o Hospital São Paulo ou para o Santa Marcelina.

Ideias como essa fazem duvidar da capacidade humana.

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